De doces amargos e amarguras
Você já pôs algo na boca, que de tão amargo, teve de
oferecer a outra pessoa para sentir o mesmo gosto? Muitos anos atrás, tive a
minha primeira experiência com uma bala chamada tearjerkers. É tão azeda, que provoca choro, faz lacrimejar. Na
escola, naquele tempo, curtíamos fazer as pessoas sentir o amargo, o choro, e
depois riamos...(oh moleque...)
Ninguém quer ser amargo. A amargura cresce sobre nós. A
amargura é a falta de perdão fermentada. Quanto mais nos apegamos ao passado,
mais ficamos embriagados com a dor e a experiência, muitas vezes, nos furta da
alegria que podemos encontrar em alguma coisa.
A amargura ocorre quando sentimos que alguém tomou algo de
nós, e que nunca poderemos reaver aquilo que foi perdido. Nós nos apegamos à
dor em uma tentativa de lembrar a nós mesmos e aos outros da injustiça que
experimentamos, na esperança de que alguém nos salve e restaure o que perdemos.
Infelizmente, a amargura só faz crescer o sentido da injustiça. Não faz nada
para curar a ferida causada por ela. Na verdade, faz com que a ferida se
infecione, com raiva.
A amargura é irmãzinha da raiva. Onde a ira pode ser justa e
moral (Efésios 4.26), nos impulsionando a buscar soluções para as injustiças
que experimentamos ou testemunhamos, a raiva é um pecado mortal, porque se
torna alimento de si mesma e acrescenta aos destroços causados pela ferida
original. A amargura faz isso também, mas em vez de queimar a casa com tudo o
que valorizamos ainda no interior, é mais silenciosa, envenenando lentamente
nossa vida até perder uma alegria de cada vez.
Aqui estão algumas coisas que você pode fazer para começar a
superar a amargura.
Perdoe. Perdoar não significa fingir que tudo está
"OK". Isso não significa esquecer a mágoa também. De acordo com Santo
Agostinho, o perdão é simplesmente o ato de entregar nosso desejo de vingança;
Ou seja, nosso desejo de magoar alguém que nos magoou. O perdão é o dom que
recebemos de Deus, o qual nos permite parar de pegar na casca da ferida, e
começar a fazer um plano de cura.
Por mais que se fale nos esforços do perdão, não podemos
esquecer nunca, de que perdoar é um mandamento, e não uma opção.
O perdão propulsiona aquilo que você precisa para começar a
curar a ferida. Se a pessoa que o machucar estiver disposta a trabalhar com
você, comece a traçar exatamente quais mudanças ou esforços você precisa ver e
que lhe informarão de que é seguro
reconciliar. Se você está sozinho, concentre sua força em fazer um plano sobre
como se recuperará do que foi perdido / tirado de você. Quanto mais se esforça
para encontrar formas alternativas de recuperar suas perdas, menos amargurado
se sentirá, mesmo se a dor persistir. Pode ser tentador sentir que "não há
nada que se possa fazer", mas resista à tentação. Na verdade, se você se
sentir assim e não conseguir pensar em soluções, busque o conselho de um ombro
amigo e maduro em Cristo. Busque o auxilio de seu pastor, ou de um conselheiro
capaz, para verificar a sua estratégia antes de se decidir em só lamentar sua
perda. Se, após a consulta, realmente achar que não há nada que possa fazer
para recuperar o que foi perdido ou tirado de você, concentre-se no desenvolvimento
de novas metas, que o ajudarão a reconstruir um futuro convincente.
Pare de remoer. Quando estamos feridos, temos uma tendência de
repetir os eventos dolorosos em nossa cabeça ou dizer a alguém que vai ouvir a
nossa dor, uma e outra vez. É bom falar com pessoas que podem nos ajudar a
curar a dor, facilitar a reconciliação ou nos ajudar a reconstruir nossas
vidas, mas além disso, devemos fazer o que pudermos para parar de remoer a
história de nossa lesão e parar de falar tão livremente para os outros. Quando
somos tentados a "repousar ou repensar", o melhor curso de ação é
reorientar o que podemos fazer - HOJE - para dar pelo menos algum pequeno passo
de aperfeiçoamento ou atualização do plano que desenvolvemos no passo visto
acima. Quanto mais estiver focado em soluções, menos você experimentará o
sentimento de impotência que vem ao ruminar sobre a dor. Seria muito fácil, se
as nossas amarguras de hoje pudessem provocar aquele velho prazer de ver os
outros chorando pela balinha amarga, ou pelo prazer de sentir algo doce depois
do azedume. Mas com a amargura, não é assim que funciona. Não é uma brincadeira
de criança, é veneno pra alma. Fere o corpo e cresce infectando a demais membros
desse corpo. A amargura precisa ser tratada e curada.
É impossível curar feridas sem a graça de Deus. A amargura
faz com que evitemos a graça de Deus em favor da obsessão pela ferida. Se você
está amargo eu encorajo você a confessar o seu pecado. Porque amargura é
pecado. Por favor, não se sinta insultado com a sugestão. Eu sei que você é a
vítima e você tem o direito à sua dor. Ainda assim, agarrando-se a qualquer
coisa, exceto ao amor de Deus, sua misericórdia e graça, nos separamos de Deus
e da vida que ele quer que tenhamos. A confissão pode abrir seu coração para
receber a cura que Deus quer lhe dar. Ele pode ajudá-lo a render a dor e
impotência e começar a descobrir novas opções. Pare de acumular suas mágoas.
Hebreus 12.5 diz: "Cuide para que ninguém fique aquém
da graça de Deus e que nenhuma raiz amarga cresça para causar problemas e
contaminar muitos." Você não precisa ser amargo ou consumido por
sentimentos de impotência e tristeza. Tome uma ação hoje para cooperar com a
graça que Deus está lhe dando para quebrar os laços de amargura. Você pode
descobrir que, com a ajuda de Deus, há muito mais na vida do que a dor.
Daniel
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