De árvores cortadas




          Nas ultimas três semanas, ocupei-me com pesquisas e escritos para um texto que trouxesse alívio pra quem sente que as dores aumentam, nesta época do ano. No inicio, queria escrever sobre a árvore de natal. Sobre as suas origens e seus diferentes significados. Estudei sobre como, de o inicio no livro de Gênesis, duas árvores sombreavam o rumo de todo o universo. Aprendi um pouco mais sobre a simbologia das árvores -- a acácia, o carvalho, os ciprestes, o pinheiro, os álamos, salgueiros, tamargueiras, loureiros, as vinhas, oliveiras, figueiras, tamareiras, amendoeiras, figueiras e sicômoros, e outras mais. Li e reli diversas vezes sobre o significado das luzes numa árvore cuja imagem foi estilizada na Menorá (do hebraico "lâmpada, candelabro"), um candelabro de sete braços, um dos principais e mais difundidos símbolos do Judaísmo. Originalmente de ouro batido, maciço e puro, feito por Moisés para ser colocado dentro do Santo Lugar -- átrio intermediário entre o Átrio Exterior do Santuário e o Santo dos Santos -- juntamente com o Altar de Incenso e a Mesa dos Pães da Proposição. Faz lembrar os arbustos em chamas que Moisés viu no Monte Sinai. 

          Meditei sobre como o cuidado de Deus conosco é semelhante ao cuidado das árvores. As podas e o enxerto que o Senhor do bosque fez e faz na história pessoal e coletiva. Busquei várias passagens na Bíblia que trazem a palavra árvore. Quando parecia que tinha um texto pronto, meu computador dava algum problema que me impedia de publicar para o natal um texto de esperança.

          Tenho sido bastante edificado por diversos textos, mensagens de natal. Parece-me que o sentimento de natal é comum a todos. Mensagens de bem, de paz, de esperança. De esperança real, não apenas a vaga esperança dos votos de feliz natal e próspero ano novo.

          Os acontecimentos que marcaram o nascimento de Jesus foram bem diferentes do que hoje experimentamos nas comemorações natalinas. O mundo de Maria havia virado de cabeça pra baixo. Ao ler sobre o extermínio de milhares de crianças por razão do nascimento do Messias, pensei sobre a dor de inúmeras mães que perderam seus filhos. Na dor de Maria, que em 33 anos perderia o seu filho. Pensei em Isabel que perdeu João Batista. 

          Chorei ao lembrar de tantas mulheres que eu conheço e amo, que também perderam seus filhos.  Raquel perdeu Jefferson. Alice perdeu Mauricio, e sua mãe, Eulina perdeu Alice. Jane perdeu Glaucia. Solange perdeu Thiago. Leni perdeu Eduardo. Maria Isabel perdeu André. Gláucia perdeu Laís. Bete perdeu Sylvia. Martha Maria perdeu Maria Eduarda. Michele, de uma vez, perdeu Deborah e Rebeccah. Janeth perdeu Jeffrey. 

          Não dá para medir essa dor. A maioria das feridas que temos são eventualmente cicatrizadas. Louvo a Deus pelo nascimento de Jesus. Louvo a Deus porque a sua morte restaura a alma e cura todas as feridas de quem olhar para a cruz, tal como o povo que, no deserto, olhava para a serpente pendurada no madeiro (João 3.16). Louvo a Deus pela ressurreição de Cristo, que atrai a todos os filhos de Deus pra si. Louvo a Deus, que cortou a árvore da sua própria criação, para que no enxerto de uma nova rama, tivéssemos vida em Cristo. Louvo a Deus pelo testemunho dessas mulheres que sofreram na morte de seus filhos, e que consoladas pelo Espírito de Deus, ministram ataduras e unguentos para as pequenas farpas que eu enfrento na vida.

          Minha mensagem, então, vai nos textos que seguem.

Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; (Hebreus 11.35) 
E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. (1Coríntios 15.18-26) 
Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; (1Tessalonissences 4. 14,16)  
Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. (Hebreus 2. 14,15) 
Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. (1Coríntios 15. 42-44).

Daniel



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