De Inho pra Ão



Antes de ser o Aāo, ele era Inho. Tinha cabelos compridos, mais tarde, veio ser sua marca registrada de pré-adolescência. Hoje, usando somente o seu nome e sem apelidos, seu coração fala muito mais alto na sua expressão, quer seja em canção quer seja em movimento. Mas a história que eu quero contar, foi de quando uma vez, a minha prima (mãe do meu priminho- Ão), cortou suas lindas e adoráveis madeixas. A noite quando foi colocá-lo na cama ouviu uma promessa de seu filho de 2 ou 4 aninhos. Falou enquanto gesticulava como quem amassa um pedaço de papel: “Mamãe, eu nunca vou amassar você e jogar pela janela viu!”

Das penas de Moisés e Paulo, lemos instruções claras que descrevem como as crianças devem tratar os seus pais. Ambos os livros de Êxodo e Efésios falam que as crianças devem honrar seus pais e mães (Êxodo 20.12; Efésios 6. 2). Da boca de Jesus, e de uma série de escritores do Novo Testamento, recebemos o comando de amar os outros, o que certamente iria incluir nossos pais. Paulo escreveu: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor recíproco, pois quem ama o próximo tem cumprido a lei" (Romanos 13. 8). Jesus, para ilustrar como uma pessoa deve amar o próximo, contou a história inesquecível das ataduras e unguentos do "Bom Samaritano" (Lucas 10.30-37). À luz destes versos e os pensamentos que contêm, alguém pode facilmente deduzir que uma pessoa deve amar os seus pais. Não só é o amor para com os pais natural, mas também é ordenado por Deus nas Escrituras ... ou não é? Lucas, em seu relato sobre a vida de Jesus, registra o Messias dizendo: "Se alguém vem a mim e não odeia seu pai e sua mãe, esposa e filhos, irmãos e irmãs, sim, e também à própria vida, ele não pode ser meu discípulo" (Lucas 14:26,). Então, qual é, devemos amar e honrar nossos pais e familiares, ou odiá-los?
Quase todo mundo pensa em termos absolutos que o oposto do amor seja o ódio. Não é! Isso ao sou eu quem diz, mas a Bíblia: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”. (1 Joao 4.18)

O versículo acima serve para responder as dúvidas de cristãos sinceros e despertar outros quanto a sua maneira de viver. Muitos acreditam que o verdadeiro amor lança fora todo o ódio, mas, será que estão entendendo corretamente o que é esse sentimento? Essa repulso, raiva, ira pode em diversas situações ser evocada por razão da idolatria do nosso coração. Mas amor e ódio estão intrinsicamente ligados às nossas afeições, que por sua vez, estão ligadas ao sentimento de merecimento idolatra que cada um possa ter. Há um questionamento honesto e sincero que poderá nos ajudar a encontrar o caminho da verdade.

Certamente que, se a palavra "ódio" em Lucas 14.26 significa o que acha a maioria das pessoas  hoje, logo, a declaração de Jesus é uma injusta contradição, mesmo dos valores da família. O que qualquer um que estuda o versículo deve descobrir rapidamente, no entanto, é que a palavra traduzida por "ódio" nem sempre significa "desprezar, detestar, detestam e abominam", que são sinônimos com o uso geral da palavra "ódio" em nossa cultura moderna. Em vez disso, a palavra também pode incluir o significado de "amar menos".

O ateu Dan Barker diz: "A maioria dos cristãos se sentem obrigados a suavizar o significado da palavra 'ódio' para algo como 'amar menos do que eu", embora a palavra grega significa miseo 'ódio'"(1999 , p. 158). Barker não deixa de explorar, no entanto, os tempos legítimos na Bíblia (e em documentos seculares), onde à palavra ou ao seu equivalente hebraico é dado o significado de "amar menos", e não é forçado um uso rigoroso, intransigente e literal de detestar , detesta ou abomina.

O versículo em 1 João não é suficiente para dar um entendimento completo. O uso de versículos isolados conduz os leitores a entendimentos limitados ou errados. Seria necessário A leitura do contexto para o entender o significado real deste versículo.

João aponta principalmente para a prática do amor. Que gera como resultado imediato a ausência do medo. A que tipo de medo que esse texto se refere? O medo é natural no ser humano e também nos animais. Ele é conhecido como instinto de preservação. Para o homem ou para os animais o medo conduz a cautela; à estratégias para sobreviverem.

Sabemos que Deus não condena o medo, aliá, o temor do Senhor é o principio do saber (Provérbios 1.7). Mas a Bíblia então nos ensina que o temor de quaisquer coisas além de Deus é idolatria. A mesma coisa acontece com o amor. Amor sem que Deus seja a fonte de amor, é idolatria. Quando Jesus então fala que quem não odiar pai e mãe e família ou qualquer coisa que seja obstáculo ao seu amor, não pode segui-lo.

A história de Jacó, Raquel e Lia ilustra perfeitamente o uso bíblico do termo "ódio" em seu significado de "amar menos". Para resumir a história, Jacó amava Raquel, e concordou em trabalhar para seu pai Labão por sete anos, a fim de se casar com ela. No final dos sete anos, Labão enganou Jacó, e lhe deu Lia como esposa. Quando Jacob descobriu o engano, foi lhe dado Raquel como uma mulher, mas ele foi forçado a trabalhar mais sete anos por ela. Em Gênesis 29.30, a Bíblia diz que "Jacó entrou também a Raquel, e ele também amava a Raquel mais do que a Lia." No entanto, no próximo versículo da Bíblia diz: "E quando o Senhor viu que Lia era desprezada, Ele abriu seu ventre "(29.31). Jacó não despreza, detesta e trata Lia como um inimigo, como no uso moderno da palavra "ódio". Em vez disso, ele simplesmente amou a Raquel muito mais do que amou Lia.

O amor como um sentimento que vem e vai não é amor. Amor verdadeiro e o ser de Deus que rompeu a morte para nos dar vida. É o ser Deus permanente e imutável. É estar repleto (cheio ) do Espírito Santo e lançar fora toda a idolatria. Se o sentimento de dependência ou de afeição aos pais ou familiares ou qualquer outra coisa for maior do que a coragem de obedecer a palavra de Deus. Nesse caso então devemos lançar fora a idolatria e realmente odiar aquilo que nos separa de Deus. Caso contrario, seremos como a criança que nutriu amargura contra a sua mãe durante um dia inteiro e queria amassa-la e jogar pela janela. Os movimentos de afeto, carinho devem ser fruto de estar repleto do Espirito de Deus. E então obedecer aquilo que a palavra preceitua: Amaras o Senhor teu Deus de todo o seu coração e o próximo (pai, mae, filhos, trabalho, cabelo etc) como a ti mesmo.

Alguns estudiosos da língua grega acrescentaram a seus anos combinados de estudo a discussão do testemunho de que a palavra "ódio" (miseo) em Lucas 14.26 não significa "uma aversão ativa", mas "amar menos". EW Bullinger, em sua obra monumental, Figuras de linguagem usadas na Bíblia, descreveu a palavra "ódio" em Lucas 14.26 como uma hipérbole. Ele rendeu à palavra um significando "não estimar menos de mim" (1968, p. 426). Vine, o sábio grego eminente, disse que a palavra miseo poderia levar o significado de "uma preferência relativa para uma coisa em detrimento de outro." Ele listou Lucas 14.26, segundo esta definição particular (1940, p. 198). Por último, A.B. Bruce, no Testamento grego do Expositor, afirmou que "o significado prático" da palavra "ódio" neste versículo é "amar menos" (p. 575).

Adicione a tudo isso o fato de que, com suas últimas poucas palavras, Jesus Cristo mostrou honra à sua mãe, e fez com que ela tivesse um provedor (João 19.25-27). O significado simples, então, da declaração de Jesus em Lucas 14.26 é que uma pessoa deve estar disposta a cortar os laços com a sua família, se esses laços a impedem de seguir e obedecer a Cristo. É bem-aventurado o homem que coloca o serviço a Jesus acima de tudo.

Hoje sou testemunha de que aquele meninINHO ama mais ao Senhor que até permitiria que sua mãe vesse cortar o seu cabelo. Hoje, te cabelo curto, e seu amor e fundamentado e arraigado no amor de Deus o pai, fazendo dele uma das pessoas mais carinhosas que eu conheço.

Dedico esse texto a você meu PRIMÃO
Daniel





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