COMO CRITICAR E ACEITAR CRÍTICAS - (Cheque o seu próprio e seja piedoso ao apontar o hálito dos outros.)

Já notou que, quando um amigo ou alguém próximo tem mau hálito e você tenta oferecer-lhe uma menta ou uma bala, ele nunca aceita? Acho que isso é porque nunca estamos muito conscientes ou queremos evitar uma situação embaraçosa.

Todos passamos por coisas como a sensação desconfortável de que nosso hálito não esteja tão fresco. Milhões em dinheiro são gastos por muitas pessoas a cada ano em enxágues bucais, balas de menta, e outros artifícios para proteger colegas, amigos e familiares, de um ofensivo bafo de onça.

Manter o hálito fresco, porém, nem sempre depende uma ida ao setor de higiene pessoal da loja local. Talvez requeira um tratamento radical, até mesmo, uma intervenção cirúrgica! Seja qual for a causa da halitose, o primeiro passo é estar preparado para descobrir o seu problema antes que ele se torne um problema para outra pessoa. Por mais perturbador que seja, um aviso amigável  deveria ser bem aceito, indo ou vindo. 

Isso também é verdadeiro quanto a dar e receber críticas. Recentemente, um grande amigo observou que o pior defeito em alguém é aquele que a própria pessoa não percebe. O André tem razão. Minha resposta foi que a solução seria o desenvolvimento de amizades que possibilitassem aos amigos informar-nos de nossas faltas e, nós, as deles. Sempre a verdade em amor.

Quando cheguei no Japão pela primeira vez, alguém de minha congregação apontou várias falhas tanto em minha pregação quanto em mim mesmo. O engraçado foi que o homem tinha o pior bafo da paróquia! Em vez de retaliar ou tentar me defender como eu gostaria na carne, submeti-me a Palavra. Olhei para o velho japonês, e disse: "Se o que você diz é verdade, você se importaria de orar por mim?"

Antes de sermos duros ao julgar nossos modernos escribas e fariseus, vamos dar uma pausa e olhar para o nosso próprio legalismo. Muitos de nós, cristãos, hoje, vamos à igreja para encontrar falhas, fofocar e criticar. Warren Wiersbe, em seu livro Angry People, escreveu:

Um incidente na vida de Joseph Parker, o grande pregador britânico, ilustra esta trágica verdade. Ele estava pregando no Templo da Cidade em Londres. Depois do culto, um dos ouvintes se aproximou dele e disse: Dr. Parker, você fez um erro gramatical no seu sermão. Ele então passou a apontar o erro para o pastor, Joseph Parker olhou para o homem e disse: "E o que mais você tirou da mensagem?" Que repreensão apropriada!

No ano passado, eu pregava para uma audiência de cultura diferente da minha, e aprendi algo novo. Pensei que estivesse indo muito bem, mas fui alertado de algo que eu não estava enxergando. No final de um culto no domingo de manhã, um senhor veio a mim, e disse: “Reverendo, eu realmente gostei de ver sua empolgação e seu conhecimento da Bíblia é realmente notável!” Dito isso, ele me entregou seu cartão de visita com um bilhetinho no verso: "Você perderá a atenção dos locais, se continuar a gritar e a alterar a voz durante a pregação!" Fiquei tão bravo! Ele estourou a minha bolha! Lá estava eu, pensando que “matava a pau”, e alguém vem me dizer que estou errado! (oh Moleque) Então virei o cartão para ver o quem ele era, e no outro lado, constava o nome dele, o logotipo de uma famosa empresa multinacional e sua posição como Especialista em Comunicação. Aí, parei e pensei: esse cara conhece o assunto; ele aplicou o PPM em mim! Algo que eu tinha estudado muitos anos antes, também há muito esquecido. PPM (Plus-Plus-Minus) é uma técnica para discutir ou criticar idéias. A regra básica: você deve declarar dois pontos positivos antes de declarar um ponto negativo. Isso neutraliza o negativismo, forçando o ouvinte a se concentrar primeiro no lado positivo de uma ideia. Esta prática é usada na dinâmica de grupo. O PPM encoraja as pessoas tímidas a fornecer idéias sem o medo de uma enxurrada de críticas.

Uma das mais raras das habilidades de gerenciamento, e das mais difíceis de aprender, é como criticar construtivamente. A crítica construtiva mostra consideração pelos sentimentos de outras pessoas, convida sugestões e atrai cooperação. Quando alguém não consegue descobrir como criticar algo construtivamente, o mais sábio será manter a boca fechada até formular um pensamento que enalteça e edifique o criticado. Veja como Paulo iniciou a carta a Filemon: "todo bem que há em ti, em Cristo Jesus".

A crítica que começa atacando e colocando as pessoas na posição de ter de se defender, muitas vezes, transforma pequenos problemas em grandes ofensas. Normalmente, a melhor maneira de começar é com perguntas simples e amigáveis, perguntas que darão às pessoas a oportunidade de explicar sua posição sem se ofender e sem se afetar. Então, depois de ouvir com atenção, sugira as mudanças que gostaria que fizessem; sejam quais forem; e veja o que elas pensam.

Não exija uma decisão imediata se não for necessário, ou se ainda houver discordância substancial. Peça-lhes para pensar sobre isso. Diga-lhes que você também irá pensar a respeito do assunto. Mais tarde, se você ainda acredita nas mudanças que deseja fazer, junte-se a elas novamente. Explique que você pensou cuidadosamente e ainda acredita que a ideia vale a pena tentar. Diga-lhes que você tem a obrigação de dar uma chance justa, e você está contando com eles para fazer o mesmo.

Um outro ponto importante; quando temos de criticar ou questionar as ações ou idéias de alguém, olhemos sempre para o rosto dele ou dela. Discutir carinhosamente com a pessoa envolvida produz laços de ternura. Falar abertamente com quem criticamos eé mais honesto e elegante do que falar pelas costas. Não deixe que ele ou ela ouça suas críticas de segunda mão.

Não escreva nem diga nada que você não assine em baixo. Se você receber uma nota negativa e anônima, ignore-a! Se eles não estão dispostos a assinar seu nome, não vale a pena ler. Não dê importância ao anonimato. O anonimato é imoral. Um pastor  recebeu bilhete anônimo com nada além da palavra "TOLO!" escrito nele. Na manhã seguinte, ele entrou na igreja e disse: "Eu recebi muitos recados sem assinaturas antes, mas esta é a primeira vez que eu tenho um onde alguém esqueceu de escrever a nota e somente assinou seu nome!"

Para muitos de nós, apenas ouvir que alguém disse coisas negativas sobre o que dissemos ou fizémos, poderá desencadear um sofrimento emocional agudo. É como se a acusação, seja qual for o mérito, penetrasse imediatamente nas nossas defesas, causando danos substanciais à nossa auto-estima, isto é, nossa vaidade.

Quando respondemos à crítica de maneira biblicamente acertada, não precisaremos mais ser vitimados. Poderemos experimentar em primeira mão uma das grandes promessas que Deus nos dá na Escritura:

Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor. (Isaías 54.17)

Aceitando a crítica

A crítica é sempre difícil de aceitar, mas se a recebermos com humildade e desejo de desenvolver o nosso caráter, poderemos obter o lucro da piedade. Como não aceitar a balinha de hortelã? Só um tolo não lucra quando é repreendido por seus erros.

Quando criticados, deveríamos nos perguntar se a crítica contém alguma verdade. Se a resposta for sim, deveríamos aprender com a crítica, mesmo que não tenha a motivação correta e o espírito correto. Aqui estão quatro sugestões:

(1) Ouça seus amigos - Enfrente o assunto imediatamente, e leve-o a Deus, pedindo-lhe que remova todo o ressentimento ou desejo de contra criticar. E mais, que lhe ensine as lições necessárias.

(2) Verifique seu hálito - Lembre-se de que todos somos grandes pecadores e que aquele que nos criticou não sabe nem o começo dos nossos problemas.

(3) Aceite a hortelã - Se você cometeu um erro ou cometeu um pecado, humilhe se  e honestamente confesse a Deus e a qualquer um que você tenha ferido.

(4) Lave a boca – Crie um habito diário de disposição ao aprender de novo que você não é infalível e que você precisa da graça e da sabedoria de Deus a cada momento do dia para continuar no caminho certo. 

Quando somos criticados, aceitemos o que é verdadeiro e ajam de conformidade, tornando-nos, assim, pessoas mais fortes.

Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Romanos 14.1-4

Quando o nariz do seu crítico está completamente errado ...

Recentemente, um amigo confidenciou um "caso". (E eu aqui contando para o mundo com o compromisso de mostrar o milagre mas não, o santo.) Depois de uma visita ao banheiro, quando ele se inclinou para levantar as calças, sua gravata e crachá foram acidentalmente mergulhados no vaso sanitário, antes da descarga, ficando sujo sem que ele percebesse. Não me pergunte como. Enquanto ele prosseguia ao longo do dia, ele fez várias acusações sobre o hálito ou o odor corporal de outras pessoas, só para, então, perceber que o fedor vindo dele mesmo. Às vezes, as pessoas criticam e fazem comentários como uma maneira de lidar com suas próprias falhas e defeitos. Às vezes, as pessoas comentam e fazem campanha de observações críticas, apenas por pura maldade em seus corações.

O profeta Neemias estava fazendo um trabalho eficaz de reconstruir os muros destruídos de Jerusalém. Sua equipe determinada estava dentro do cronograma para concluir a tarefa em menos tempo do que o esperado. Ele tinha apoio entusiástico da grande maioria do seu povo. Contudo, Neemias também foi alvo de críticas cruéis. 

Dois moradores locais, Sambalá e Tobias, desprezaram os judeus e zombaram do muro. "Mesmo uma raposa poderia derrubá-lo", disseram eles. Quando Neemias recusou a intimidação ou ser distraído por essa ridicularização, Sambalá e Tobias expressaram-lhe em carta o seu descontentamento, e solicitaram uma reunião para discutir suas objeções.

A resposta de Neemias foi clássica. Ele basicamente disse: "Estou fazendo um trabalho importante e não tenho tempo para ouvir suas queixas". Isso não era arrogante - era inteligente. Não foi irreverente - foi o uso mais sábio de seu tempo.

Em meu tempo como pastor, tive de aprender a lidar com as críticas. Nos meus anos mais jovens, qualquer desentendimento me derrubava. Amigos e familiares gastaram considerável energia cuidando do meu ego ferido. Mas, eventualmente, a experiência e as Escrituras ajudaram-me a lidar com as críticas de maneira mais eficaz.

Talvez alguns líderes cristãos mais jovens possam se beneficiar de algumas das lições que aprendi.

Todos os líderes eficazes são criticados. Se você está na linha de frente da batalha, provavelmente será atingido. É simples assim. Estamos envolvidos em uma intensificada guerra espiritual e o inimigo se torna cada vez mais malicioso e mesquinho. Tem-se a impressão de que, se o mundo apenas provar que os cristãos são falsos, eles se sentirão justificados em sua incredulidade.

Se você ousar falar a verdade de Deus ou tentar liderar o povo de Deus, você será atacado e rotulado de zeloso, hipócrita ou tolo. Aguenta. Segura peão, que o boi é bravo! Ou como diria meu irmão, endurece a boca, seja britânico! Oswald Sanders, em seu clássico livro Spiritual Leadership, sugere que a maturidade está se movendo de uma pele fina e coração duro para um coração mole e pele dura.

Considere a fonte. É uma pessoa pequena, mesquinha que está reclamando ou alguém que você respeita? Se vem de alguém que você tem em alta conta, avalie com cuidado. Talvez o Senhor esteja usando-os para apontar um ponto cego em sua vida ou em seu trabalho.

No entanto, se a crítica vem de um Sambalá ou Tobias de mente insignificante, então não vale a pena o tempo e o esforço para respondê-la.

Avalie a objeção. Se a crítica tiver alguma validade, receba-a com graça e faça o ajuste necessário. Se isso não acontecer, ignore-o e siga em frente.

Se durante um sonho, você estiver indo ao banheiro, acorda que é uma armadilha! É a mesma armadilha, responder a uma crítica mesquinha. O crítico está zangado demais para ouvir a razão. Eles só querem desabafar. É uma perda de tempo responder a críticas grosseiramente falsas, e geralmente dá mais validade à objeção do que merece. E quem fica sujo ao acordar é você!

Mantenha seu foco no objetivo final. Não murmure e resmungue sobre os críticos. Isso tira sua mente de sua responsabilidade principal. Não deixe que Satanás distraia você do que precisa ser feito.

Nossa tarefa é agradar a Cristo, não aos homens. Sua é a única opinião que importa. As pessoas são tão inconstantes. As mesmas pessoas que criticam você hoje podem estar cantando seus louvores amanhã.

Encontre uma maneira de tirar isso da sua mente. Se não consigo tirar uma crítica da minha mente e isso está afetando o meu humor ou me distraindo, escrevo exatamente o que eu gostaria de dizer sem qualquer preocupação em ser gentil.

No entanto, não envio imediatamente essa comunicação sem vigilância. Espero um dia ou dois e nunca termino de enviá-lo em sua forma original - e raramente o envio por correio.

Mas, desabafando meus sentimentos em uma carta, eu os tirei da cabeça e entrei na tela do computador. Então é mais fácil esquecer e focar novamente na tarefa em questão.

Fique mais ousado. A tentação é tornar-se tímida e evitar completamente a controvérsia. Isso é o que o inimigo quer! Mas Jesus advertiu: “Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.” (Lucas 9.26)

Não deixe que as táticas de intimidação do inimigo o intimidem. Fale a verdade em amor, mas fale a verdade. O rei Davi exortou: “Digam-no os remidos do Senhor, os que remiu da mão do inimigo,” (Salmos 107.2)

Os cristãos do primeiro século foram ameaçados de prisão e morte se continuassem a falar sobre o Jesus ressuscitado em público. Eles não recuaram nem ficaram mais cautelosos. Eles oraram: “Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.”(Atos 4.29, 31).

Dê graças a Deus pela perseguição. Jesus nos exortou quando perseguidos a “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. ” (Mateus 5. 11–12) Quando podemos louvar a Deus e sermos gratos por todas as críticas, sabemos que estamos crescendo em maturidade espiritual e seguindo os passos de profetas como Neemias.

Quando a crítica vem na forma de acusações de algo que você fez no passado, lembre-se de algo que meu pai costuma dizer quando é criticado. “Tanto Deus como Satanás me lembraram dos meus pecados do passado, a sua crítica, é a terceira vez que eu ouço sobre meus erros, de que lado a sua crítica vem?”

Numa caminhada com um grupo de escoteiros, aprendemos a lidar com as criticas da vida, as duvidas dos mesquinhos e os desafios dos grandes enquanto cantávamos uma canção de marcha que dizia:

Quebra coco, quebra coco,
na ladeira do Piá,
Escoteiro, quebra coco,
e depois vai trabalhar.

Acredite quem quiser
que em cima daquele morro
tem três metros de linguiça,
correndo atrás de um cachorro.

Quebra coco, quebra coco,
na ladeira do Piá,
Escoteiro, quebra coco,
e depois vai trabalhar.

Já desci o Pão de Açúcar,
agarrado num barbante,
arrisquei a minha vida,
mas salvei a bandeirante.

Pra você falar comigo,
Lave a boca com sagu
Que tua boca tá cheirando
Barrigada de urubu

Quebra coco, quebra coco,
na ladeira do Piá,
Escoteiro, quebra coco,
e depois vai trabalhar.

Deixe que critiquem, no começo  a gente quebra o coco, mas depois, vai trabalhar.

DCG