O dia depois do Dia do Pastor

1 Tessalonicenses 5.12-13
E pedimos a vós, irmãos, que reconheças os que operam entre vós, e que tendes sobre vós no Senhor e vos aconselheis, e que os aprecie muitíssimo amados por sua obra. Fique em paz entre vocês.

No dia 17 de dezembro, a Igreja Presbiteriana do Brasil celebra a data de nascimento do primeiro ministro presbiteriano brasileiro. Este ano, a data recaiu em uma segunda-feira, dia da semana em que a maioria dos ministros brasileiros realiza seu dia de descanso. No domingo , a maioria das igrejas teve um Culto de ação de graças celebrando o dia do Pastor para homenagea-los, juntamente com as  suas esposas (dia da Esposa do Pastor, segundo Domingo de Dezembro). Muitas igrejas terão palestrantes convidados e convidados especiais, seguidos de um jantar ou festa. Tenho certeza de que haverá cartões, presentes, flores e abraços calorosos para que eles saibam o quanto são amados. E realmente amamos - somos verdadeiramente abençoados com homens e mulheres maravilhosos como nossos líderes. A maioria dos ministros receberá um salário bônus em gratidão por este dia, em vista das leis brasileiras a respeito de um 13º salário no final do ano. Nossa igreja missionaria ainda não está lá, mas o seu calor e apreciação é certamente mostrado ao meu coração! Eu sei do amor deles por mim. Eles compensam durante todo o ano! E eu louvo ao Senhor por eles.

Mas será suficiente apenas um dia do ano para dizer obrigado por tudo o que fazem pela igreja e seu povo? E cartões e presentes são suficientes? Vamos pensar desta forma: se um marido apenas trouxesse flores para sua esposa e dissesse a ela que a ama uma vez por ano, em seu aniversário, quão bom seria o relacionamento deles nos outros 364 dias do ano?

Embora seja ótimo ter uma comemoração especial uma vez por ano, precisamos garantir que nossos pastores saibam que os apreciamos durante todo o ano. Apesar do fato de frequentemente exibirem habilidades sobre-humanas, os pastores são apenas pessoas, afinal. Precisam de encorajamento de tempos em tempos. Eles precisam saber que o seu rebanho cuida, respeita e aprecia. Realmente não esperamos presentes especiais ou ofertas, eu prefiro a certeza de que somos apreciados. Eu certamente não quero desencorajar ninguém de dar presentes, dinheiro ou cartões de presente ou outros sinais de apreciação, mas acho que há algumas outras maneiras de realmente mostrar sua apreciação pelo pastor. (Nota: Estes se aplicam a pastores, pastores associados, pastores de jovens, etc., mas eu apenas direi “pastor” para cobrir todos eles.)

Ultimamente, podemos observar que as notícias, os dados e as estatísticas vem mostrando que os pastores não estão indo bem. Nos últimos dez dias foram 6 pastores que sucumbiram em suicídio, dois desses no Brasil.

De fato, nos últimos anos, tem havido dados por aí insinuando que pastores são miseráveis, deprimidos e prontos para deixar suas posições de ministério completamente.

Verdade seja dita, os dados inicialmente vieram de lugares e fontes oficiais; esses sites insinuaram que os pastores estavam deixando o ministério em massa ao som de 1.500 pastores por mês. Os dados coletados por esses sites também sugeriram que 77% dos pastores entrevistados achavam que não tinham um bom casamento, 75% sentiam-se desqualificados e mal treinados para liderar, e 72% disseram que só estudavam a Bíblia quando se preparavam para sermões ou lições.

Não há como esconder a verdade - esses números são muito ruins.

A realidade é que a maioria dos pastores é feliz em seu ministério - eles estão se engajando e ministrando às suas congregações com grande sucesso e fecundidade. Eu tenho ouvido o choro e as lamentações de muitos colegas no ministério, mas muito mais alto é o vigor e a alegria que também ouço de pastores louvando ao Senhor no meio das provações.

Esta é uma boa notícia para as igrejas em todo o mundo, é claro, mas também é uma boa notícia para nossos pastores. O 17 de dezembro é, na verdade, o dia de gratidão a Deus pelo Pastor que ele nos deu, então é bom saber que a grande maioria de nós ainda terá pastor no final do mês.

Mas, para esclarecer, os 1% dos pastores que estão deixando suas posições a cada ano não necessariamente o fazem por causa de um ódio por suas igrejas ou pelo ministério em geral.

Conversando com um amigo na semana passada que tem passado maus bocados na igreja em que serve, ele explicou: “Pastores não estão deixando o ministério em geral.” Mas, ele acrescenta: “Esse [pastoreio] é um trabalho brutal… O problema não é que pastores estão desistindo— o problema é que os pastores têm um ambiente de trabalho desafiador ”.

Ele está certo - em muitos casos, os pastores estão se sentindo sobrecarregados pelos estresses e fardos diários do trabalho que fazem. Basta pensar em como seu próprio pastor trabalha e serve sua congregação diariamente; é uma grande responsabilidade!

Em um questionário de pesquisa realizado por um grupo de colegas meus no último semestre, eles descobriram que 84% dos pastores dizem que estão de plantão 24 horas por dia; o compromisso de tempo é mais substancial do que a maioria imagina. A posição exige que eles lidem com muitas situações tensas e conversas difíceis - tanto que 80% dos pastores esperam algum tipo de conflito em sua igreja.

Infelizmente, 54% acham que o seu papel como pastor é frequentemente esmagador e outros 48% dirão que muitas vezes sentem que as exigências do ministério são mais do que podem suportar.

Ser pastor, é claro, pode ser difícil. É um trabalho que, bem feito, contribui para o florescimento de igrejas e comunidades inteiras. Feito mal - e sem o devido apoio da congregação - pode rapidamente levar à exaustão.

Entendendo isso, é importante que trabalhemos para cuidar de nossos pastores não apenas durante o Dia do Pastor , mas durante todo o ano. Esperei até o final do meu Dia do Pastor para poder desafiar a cada um que saudou o seu pastor com palavras e com presentes, a considerarem muito mais do que um dia. A observarem a finalidade da vida de cada ministro. Aqui estão algumas coisas práticas a serem consideradas enquanto fazemos isso:

Primeiro, entenda que os pastores são, acima de tudo, seres humanos.

Deus colocou nossos pastores em posições estratégicas de liderança , isso é verdade. Mas isso não significa que são perfeitos ou que entenderão de tudo. Em muitos casos, os pastores lutam periodicamente com o desânimo, a dúvida e as muitas outras duras temporadas da vida que atormentam a todos nós. Há anos, um dos presbíteros de uma igreja que servi na Zona Leste de São Paulo, (na verdade, uma das minhas igrejas favoritas), disse que eu era o pior pastor que ele já conheceu. Eu levei isso a sério ao Senhor em oração, e sabe de uma coisa? Eu descobri que ele estava certo! O cerne da questão é que, na maioria das vezes, os pastores pensam demais em si mesmos. Nós não somos nada além de servos! E, às vezes, nossa natureza pecaminosa se encarregará de nosso ministério.

Nas igrejas, os pastores são elevados a posições de autoridade irracional, tratados quase como se fossem celebridades - intocados pela labuta diária da vida. Este pastor “celebridade” é muito comum nas congregações de hoje e é, eu argumentaria, simplesmente insalubre. Hoje , devemos nos lembrar de tentar não colocar expectativas irracionais sobre a pessoa que dirige nossa igreja. Não é saudável para os pastores nem é, devo acrescentar, para o rebanho.

Segundo, entenda que, em muitos casos, seu pastor também tem uma família.

Os pastores não sentem apenas um certo peso para cuidar de suas congregações; eles também sentem um fardo para cuidar de outras pessoas em sua vida - ou seja, sua família. Quando consideramos o estresse que as posições de liderança pastoral colocam na família de um pastor, lembramos que pastores, como todos nós, se sentem atraídos em muitas direções diferentes.

De acordo com dados coletados no mesmo estudo de pesquisa dos colegas no doutorado , 35% dos pastores dizem que as exigências do ministério impedem que eles passem tempo com sua família.

Nós não queremos forçar nossos pastores a escolher entre sua família da igreja e sua família imediata. Devemos encontrar maneiras de apoiar nossos pastores, pois eles cuidam não apenas da congregação, mas também de seus cônjuges e filhos.

Terceiro, deixe-me compartilhar uma mensagem para todos os pastores: Obrigado.

Obrigado por todo o trabalho que você faz pela sua igreja e comunidades. As maneiras como você se importa com a congregação, a equipe da igreja e inúmeros outros são importantes. Então, em homenagem ao Dia do Pastor , obrigado.

Quando o trabalho se torna estressante - e acredite em mim, será - lembre-se de que servimos a um Deus de colheitas abundantes. Somos todos, cada um de nós, trabalhadores em seu campo. Como Paulo nos lembra em 1Coríntios 3.7: “Nem o que planta nem o que rega é coisa alguma, mas somente Deus, que faz as coisas crescerem”.

Deus quer nos usar para fazer seu trabalho, mas o fardo não está em nós para "salvar o mundo" ou produzir todos os resultados que desejamos ver. Em última análise, somos os trabalhadores; ele é nosso soberano Deus; só ele pode fazer as coisas crescerem.

1. Mostre o respeito do pastor . Romanos 13.7 diz para dar honra a quem honra é devida. O pastor é o chefe da nossa igreja, assim como Cristo é o chefe da Igreja. Ele deve ser tratado como pastor ou reverendo ou qualquer título que ele tenha em sua igreja. Se o seu pastor é acadêmico, ele deve ser tratado de acordo com seu grau de estudo. Você pode estar em uma base de primeiro nome com ele, mas pelo menos durante os serviços e atividades oficiais da igreja, ele deve ser tratado adequadamente. Acho melhor falar com ele desse jeito o tempo todo. Dê honra.

2. Ore pelo pastor . Nossos pastores estão no topo da lista de alvos de Satanás, nosso inimigo. Afinal, eles estão pregando a palavra e trabalhando para trazer salvação aos não salvos. Eles são a liderança da igreja, e você sempre segue a liderança na batalha. Se o lobo derruba o pastor, então as ovelhas são presas fáceis. Precisamos mantê-los em oração diariamente. Deus enviou esses homens para serem nossos líderes. Jeremias 3.15 diz : Dar-te-ei pastores segundo o meu coração, os quais te apascentarão com conhecimento e entendimento. Pastores têm um grande trabalho. Nós provavelmente não sabemos mais da metade do que eles fazem. Dê oração.

3. Apoie seu pastor . Você nem sempre concorda com tudo que seu pastor diz ou faz. Ele não pode deixar todos na igreja felizes ao mesmo tempo. A pior coisa que você pode fazer é ir atrás das costas dele, dizendo a todos que ele está errado e por quê. Então você estará minando seu pastor, o que causa muito dano dentro do corpo da igreja. 1 Tessalonicenses nos lembra de estar em paz entre nós. 1Crônicas 16.22 diz: “Não toques os meus ungidos, nem prejudiquem os meus profetas.” Se tiver algum problema com o seu pastor, fale com ele. Tenho certeza de que ele vai ouvir e conversar com você. Dar apoio.

4. Supere-se a si mesmo . Ou melhor, Aguenta! Comecei um texto bem menos sensível, mas acho que "superar-se a si mesmo" vai ao cerne da questão. Não se ofenda tão facilmente, porque uma "ofensa" é uma armadilha de isca demoníaca. Tiago 3.16 diz: “Pois onde existe inveja e egoísmo, confusão e todo mal estão presentes”. Se o pastor não apertar sua mão antes do culto, vá apertar a dele. Ele pode ter querido dizer oi e foi desviado por outro membro do rebanho que precisava dele. Ele é uma pessoa e não pode estar lá para todos ao mesmo tempo. Mas Jesus pode. Portanto, se o pastor não estiver disponível no exato segundo em que você precisar dele, chame aquele que está sempre presente para você. O pastor quer estar presente para você, mas ele não pode ler mentes. Ele não pode ir ver o chefe da namorada do seu tio no hospital se ele não sabe que ele está lá. E ele não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, mas estará orando por você mesmo que não possa estar lá pessoalmente. Dê um tempo a ele.

5. Ande em seu chamado . Eu acho que o pastor apreciaria muito isso. Se as pessoas na igreja andassem em seu chamado, o trabalho do pastor seria muito mais fácil. Romanos 11.29 diz: “Porque os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis”. Eles também são intransferíveis. Eles são seus dons e chamados, não os do pastor. Mas quando você não faz o seu trabalho, ele também tem de se preservar um pouco. Então, se você foi chamado para ensinar, ensine. Se você foi chamado para cantar, cante. Se você foi chamado para cumprimentar, cumprimente. Seja o que for que você foi chamado a fazer, comprometa-se a fazê-lo. Dê seu compromisso.

Se você não contou ao seu pastor o quanto o aprecia, agora seria um grande momento, já que é nessa época do ano em que reconhecemos nossos pastores pelo trabalho duro.

Este ano que vem, eu conto os meus 21 anos no ministério. Em 8 igrejas, pastoreando mais de três mil pessoas em diferentes países e continentes. Eu me lembro de todos e de cada um. As notas, os agradecimentos, as lágrimas. O riso, o bolo especial, o pudim ou a camisa. Um post especial nas mídias sociais, ou o olhar silencioso que às vezes fala mais que palavras ou ações. Todos estes realmente ajudam e aquecem o coração. Alguns se provam apenas palavras ao vento, outros ainda falam alto e nos enternecem. Quando uma criança desenha algo que ensinei, traz uma sensação especial e calorosa ao meu coração de pastor. Um cartão, uma nota ou apenas um caloroso e sincero agradecimento pessoalmente seria uma ótima maneira de começar. Então você pode se lembrar de dar todas essas outras coisas o ano todo. Mas quando o rebanho mostra maturidade. Hoje recebi uma carta de uma ovelha que pastoreei há quinze anos. Bem agora recebi outra mensagem de um oficial de uma igreja onde servi em 2010. Mensagens do rebanho de hoje e do passado me certificam de quanto o Senhor fez apesar de mim. Quando o respeito, a oração, o apoio, o arrependimento e a caminhada no Senhor são as coisas que o seu pastor vê. Então ele vê tudo o que seu chamado tinha de ser.

Eu sou muito grato ao meu rebanho, embora seja pequeno, eu posso vê-los crescendo e eu posso vê-los como o verdadeiro pastor os vê. Eu prefiro ter os sinceros abraços e notas que recebi ontem e hoje, do que qualquer outro presente que se possa contar!