Grata Memória, renomeando o Elefante



Se eu fosse um elefante, com a minha tromba eu louvaria ao Senhor... A velha canção aprendida na escolinha dominical pontuava a grata memória de uma cosmovisão.

O que é uma cosmovisão? O que está por trás de seus pensamentos sobre quase tudo? Por mais de trinta anos, James W. Sire lidou com essa questão. No livro, Dando nome ao elefante, ele oferece aos leitores seu pensamento mais maduro sobre o conceito de uma visão de mundo, abordando questões como

Qual é a história do conceito em si?
Qual é a primeira pergunta que você deve fazer ao formular uma cosmovisão?
Como as visões de mundo são formadas tanto existencialmente quanto intelectualmente?
A visão de mundo é principalmente um sistema intelectual, um modo de vida ou uma história?
Quais são as dimensões públicas e privadas de uma visão de mundo?
Qual é o papel que a visão de mundo pode ter sobre a avaliação de sua própria visão de mundo e a dos outros, especialmente à luz do pluralismo no mundo de hoje?

James W. Sire (PhD, Universidade do Missouri), ex-editor da InterVarsity Press, é um orador e escritor ativo. Ele ensinou inglês, filosofia, teologia e cursos de curta duração em muitas universidades e seminários. Ele continua sendo um palestrante convidado frequente nos Estados Unidos e na Europa.

Em seu livro amplamente utilizado, O Universo ao Lado, publicado pela primeira vez em 1976, Sire ofereceu uma definição sucinta de cosmovisão e catalogou, de maneira resumida, algumas alternativas básicas de visão de mundo. Alunos, críticos, novas literaturas e reflexão continuada o levaram a reexaminar e refinar sua definição de cosmovisão. Dando Nome ao Elefante faz companhia para O Universo ao Lado como o fruto desse esforço. Aqui é um excelente recurso para explorar mais profundamente como e por que pensamento de visão de mundo pode ajudá-lo a navegar seu universo pluralista. 

Você se lembra da Elephant’s Memory? Também conhecido como Plastic Ono Elephant's Memory Band de Nova York? (duvidê-ó-dóElephant's Memory era uma banda de rock americana formada em Nova York no final dos anos 1960, conhecida principalmente por apoiar John Lennon e Yoko Ono do final de 1971 a 1973. Para apresentações ao vivo com Lennon e Ono, a banda era conhecida como Plastic Ono Elephant's Memory Band. Em 1968, eles adicionaram Carly Simon como vocalista. Em 1969, o line-up se expandiu para incluir John Ward (baixo), Chester Ayers (guitarra), Myron Yules (baixo e trombone), R. Sussmann (teclados), Michal Shapiro (vocal), Guy Peritore (guitarra e vocais) ) e David Cohen (guitarra, teclados e vocais). Conhecida em toda a área da Greenwich Village como uma banda de rua politicamente ativa, a Elephant's Memory apoiou Lennon e Ono no álbum duplo Some Time in New York City durante as sessões de gravação em março de 1972. O álbum foi lançado em junho de 1972 nos Estados Unidos e Setembro de 1972 no Reino Unido. Mais tarde, em 1972, eles foram anunciados como a banda de Elephant Memories of Plastic Ono e tocaram com Lennon e Ono em vários programas de TV, álbuns e shows. Em 30 de agosto de 1972, com a adição de John Ward no baixo e Jim Keltner na bateria, a banda tocou com Lennon e Ono no famoso One to One Concert organizado por Geraldo Rivera, para beneficiar a Escola Estadual Willowbrook para crianças deficientes mentais. O concerto foi filmado e gravado, mais tarde lançado em fevereiro de 1986 como o álbum Live In New York City. Em 4 de setembro, eles tocaram ao vivo novamente com Lennon e Ono no Jerry Lewis MDA Labor Day Telethon, tocando "Imagine", "Now or Never" e "Give Peace a Chance".

De que valem essas informações? Eu acho que alguém teria que ter a memória de um elefante para poder falar sobre a banda e realmente lembrar de todas as coisas triviais sobre sua existência. Pra fins lúdicos de desafio da memória, puxei os dados acima da Wikipédia. Pra falar a verdade, de tudo que foi citado acima, a minha fraca (e ainda afiadíssima) memória só reconhece, sob lentes de leite condensado, a Carly Simon. (oh moleque!)

As pessoas costumam dizer que os elefantes são os animais com os melhores recursos de memória, então, depois de alguns comentários de trívia da música, aqui estão algumas informações interessantes sobre o maior mamífero do mundo:

• Os elefantes comem entre 72 a 158 quilos de comida por dia.
• Os elefantes bebês, pesam cerca de 90 kg ao nascer.
• As presas de elefante são feitas de dentina, cálcio e sal.
• O tempo médio de vida de um elefante é de 80 anos. Os elefantes usam mais de 70 vocalizações e 160 sinais visuais e táteis para comunicação diária. (Obrigado Wikipedia, --He! He! moleque!)

Os cientistas não conseguiram medir a inteligência dos elefantes com precisão. No entanto, por décadas, especialistas observaram o comportamento dos paquidermes e concluíram que eles se classificam entre os mais inteligentes no reino animal. 

Crescendo na família de pastor presbiteriano, minha memória me serviu bem, quando eu aprendi “de cor” (de coração), o hino de numero 64 do nosso hinário denominacional, Grata memória! Mais tarde, já adulto, ouvindo uma e outra vez o solo da voz sofrida do amigo Valter Jr., que sofreu o suficiente em seus esforços e ainda cantou de sua Grata memória!

Grata Memória

Nunca meus lábios cessarão, ó Cristo,
De bendizer-te, de cantar-te glória;
Pois guardo na alma teu amor imenso:
Grata memória!

Quando perdido vagueava aflito
E em densas trevas meu andar seguia,
Tu me buscastes, lá dos céus mandando
Luz que me guia!

Quando oprimido por mundano jugo,
Em maus caminhos eu me angustiava,
Deu-me descanso tua voz tão terna
Que me chamava!

Aos fortes braços eu corri confiante,
Meigo e bondoso, não me recusaste
E, em teu imenso, suave amor, tão puro,
Me agasalhaste!

Oh! Nunca, nunca cessarão meus lábios
De bendizer-te, de cantar-te glória;
Pois em minha alma tu és sempre, ó Cristo,
Grata memória!

Renomeando o elefante – “Um brinde as nossas boas qualidades, e também às qualidades das nossas boas” aprendi de meu pai, que aprendeu do seu pai. Nunca entendi direito (até que crescesse) qual é a desse brinde! Hoje entendo que ele visa ressaltar aquilo que há de bom em tudo - uma busca por gratidão.  A busca de gratidão me mostrou que, quando a vida está indo bem, uma grata memória nos permite celebrar e magnificar a bondade e as coisas boas. Mas e quando a vida vai mal? No meio do turbilhão econômico que tomou conta de nosso país. Nas crises em nossas igrejas, nossas famílias e nossas vidas mais íntimas; Muitas vezes perguntei se as pessoas podem - ou deveriam mesmo - ter essa lembrança agradecida sob circunstâncias tão terríveis. Para que essas situações sejam vistas como uma bênção de Deus e para que possamos ver a vida com uma lembrança de gratidão, é necessário renomear o elefante. Ou seja, olhar a vida com novos olhos ou, melhor ainda, com novas lentes.

Minha resposta é que uma grata memória não apenas ajuda - mas é essencial. Na verdade, é precisamente sob condições de crise, quando temos mais a ganhar com uma perspectiva de gratidão sobre a vida. Diante da desmoralização, a gratidão tem o poder de energizar. Em face do quebrantamento, a gratidão tem o poder de curar. Em face do desespero, uma grata memória tem o poder de trazer esperança. Em outras palavras, a gratidão pode nos ajudar a lidar com tempos difíceis.

Não me entenda mal. Não estou sugerindo que uma lembrança agradecida venha facilmente ou naturalmente em uma crise. É fácil sentir-se grato pelas coisas boas. Ninguém se sente grato por ter perdido um emprego, uma casa ou boa saúde ou ter sofrido um impacto devastador em sua carteira de aposentadoria.

Mas é vital fazer uma distinção entre ter uma lembrança agradecida, ou sentir-se grato e agradecido. Nós não temos controle total sobre nossas emoções. Não podemos facilmente nos sentir agradecidos, menos deprimidos ou felizes. Os sentimentos acompanham a maneira como olhamos para o mundo, os pensamentos que temos sobre o modo como as coisas são, o modo como as coisas devem ser e a distância entre esses dois pontos.

Os elefantes são criaturas incríveis. Os maiores mamíferos terrestres da Terra mostram uma ampla gama de padrões comportamentais e emocionais em seus 80 anos de vida. Eles se entristecem com os corpos mortos, membros do rebanho e podem até mesmo reconhecer seus próprios reflexos em um espelho. E, claro, há aquele velho ditado: "Os elefantes nunca esquecem". Embora possa ser um exagero, há mais verdade no ditado do que você imagina.

Na natureza, a memória de um elefante é fundamental para sua sobrevivência - e seu rebanho. Cada rebanho tem uma estrutura matriarcal, com uma fêmea mais velha no comando. Quando os machos mais jovens do grupo atingem a maturidade sexual - geralmente por volta dos 14 anos de idade - deixam o rebanho para andar sozinhos ou ocasionalmente formar grupos com outros machos. A prova das longas lembranças dos elefantes está em seu comportamento: quando confrontadas com um elefante desconhecido, as matriarcas se amontoarão em posições defensivas porque percebem que esses elefantes podem representar uma ameaça à segurança do rebanho.

Em nossa sabedoria aparentemente inocente, mas egoisticamente defensiva, muitas vezes tentamos desculpar nossa falta de cuidado, reformulando nossa própria história de eventos e fatos que compõem nossas vidas. Muito como uma banda de acompanhamento, tal qual Elephant’s memory, a nossa memória paquiderme muitas vezes ajunta um punhado de dados aleatórios que possam justificar a raiva que sentimos. Então, como a banda que ninguém nunca ouviu falar (e também nem quer saber), assim também formamos a nossa ingrata e imbecil memória de elefante. 

Mas nós não somos animais. Fomos criados a partir do zero. Criação de Deus à imagem do seu “ser” perfeito. Estamos caídos e totalmente depravados do que éramos originalmente. E para que cada um seja capaz de primeiro funcionar bem quando confrontado com os eventos não familiares que uma vida caída da graça trará, há uma necessidade de gratidão e de uma grata memória, para que possamos, em segundo lugar esperar confiantemente por um tempo e lugar em que possamos nos reconhecer e a nosso tipo na segurança da manada de Deus, tanto aqui como agora, embora talvez não ainda, e na certeza da Glória que está por vir.
  
Ter grata memória é uma escolha - uma atitude predominante que perdura e é relativamente imune aos ganhos e perdas que entram e saem de nossas vidas. Quando ocorre um desastre, a grata memória fornece uma perspectiva a partir da qual podemos ver a vida em sua totalidade e não sermos oprimidos por circunstâncias temporárias. Sim, essa perspectiva é difícil de alcançar - mas a palavra de Deus diz que vale a pena o esforço.


Os que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre. Assim como estão os montes à roda de Jerusalém, assim o Senhor está em volta do seu povo desde agora e para sempre. Porque o cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda as suas mãos para a iniquidade. Faze bem, ó Senhor, aos bons e aos que são retos de coração. Quanto àqueles que se desviam para os seus caminhos tortuosos, levá-los-á o SENHOR com os que praticam a maldade; paz haverá sobre Israel. (Salmos 125)

Os elefantes não apenas se lembram de companheiros com quem passaram longos períodos de tempo. Um par de elefantes em cativeiro mostrou que esses animais podem reconhecer outros elefantes amigáveis, mesmo quando passaram apenas um curto período de tempo juntos. Em 1999, uma aliá (pra quem não sabia, a fêmea do elefante se chama aliá) chamada Jenny ficou muito animada quando foi colocada junto com uma outra aliá chamada Shirley. Depois de observar os antecedentes dos animais, os trabalhadores do zoológico no Tennessee descobriram que as duas haviam se apresentado no mesmo circo por apenas alguns meses - 22 anos antes.

Suas memórias magníficas ajudam os elefantes a permanecerem vivos de maneiras que vão além do reconhecimento de ameaças. Um dos melhores exemplos de cognição de elefantes vem de elefantes adaptados ao deserto, onde as matriarcas lembram onde a água confiável pode ser encontrada e são capazes de guiar seus rebanhos para a água em longas distâncias, e ao longo de muitos anos. Esta é uma indicação bastante clara de que os elefantes têm uma grande capacidade de lembrar detalhes sobre seu ambiente espacial por um tempo muito longo. Estudos também mostraram que as matriarcas que viveram períodos de seca antes levarão seus rebanhos a terras mais férteis, enquanto as matriarcas mais jovens que não tiveram uma seca têm maior probabilidade de permanecerem.

Mas nem elefante, nem urso, nem peixinho eu sou... Um dos fatores-chave para glorificar a Deus e gozá-lo para sempre (fim principal do homem) é quando somos capazes de olhar para o agora e examinar a história e os fatos de outrora, através de uma grata memória, isto é, louvando a Deus pelo maior presente. Como Paulo simplesmente colocou: Louvado seja Deus pelo maior dos dons. (2Coríntios 9:15)

Graças a Deus por seu dom indescritível! Qual é o seu presente indescritível? (Se Deus me fez assim, assim vou louvar...)
Alguns pensam que é o dom da salvação; outros pensam que é o dom de Jesus Cristo. Por que não ambos? A salvação nos é dada em Jesus Cristo. Paulo quer deixar a discussão de dar, lembrando-nos novamente que Deus é o maior doador. Ele dá o presente para além da descrição: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16) Isso significa que Jesus é um presente. Salvação é um presente. Nós não galgamos isso. Nós recebemos Jesus de graça, nós recebemos a salvação exatamente como receberíamos um presente. Exatamente como os filhos de Israel, quando murmuraram, receberam o presente de serem salvos da morte causada pelas mordidas das serpentes ao simplesmente olhar para a serpente levantada por Moises. (Números 21.9)  

Se conseguimos conquistar algo, não é um presente. E se não é um presente, por que e como podemos ter uma grata memória do que com tanto custo e dor conquistamos? Mas se percebermos o dom da graça, e nos lembrarmos de como éramos maus, podemos agora ser gratos pelo que recebemos livremente. Esta é uma grata memória!

Isso significa que Jesus é um presente indescritível. A salvação é um presente indescritível. A glória do dom de Jesus e a grandeza do dom da salvação não podem ser adequadamente descritos. Paulo não está dizendo que não devemos descrever o dom de Jesus ou o dom da salvação. Ele está simplesmente dizendo que é impossível descrever adequadamente o presente. Está além da descrição completa! "JESUS CRISTO, o dom do amor de Deus para com a humanidade, é uma bênção indescritível; ninguém pode conceber, muito menos declarar, quão grande é este dom; para essas coisas os anjos desejam olhar. Portanto, ele pode ser chamado de indizível" dom, como ele é o maior que Deus já deu ou pode dar ao homem ".

De fato, quando Paulo escreve seu dom indescritível, a palavra que ele usa para indescritível (anekdiegetos) não é encontrada em nenhum escrito grego antigo antes desta época. Aparentemente, Paulo inventou a palavra para descrever o indescritível!

Grata memória significa dar graças a Deus: Isso significa que o presente indescritível de Deus deve nos encher de uma grata memória. Se realmente entendermos e apreciarmos o presente indescritível que Deus nos deu, nossa vida ficará saturada de gratidão. Na aflição, nunca esquecemos da dor e do mal; as misericórdias nós mal nos lembramos! Nossos corações, vívidos para reclamar, e mortos para gratidão. Tivemos dez mil misericórdias por um cada única tribulação e, no entanto, queixas às nossas ações de graças foram de dez mil para um! Como é que Deus tolera isso e ainda nos ama?

Quão apropriado para Paulo concluir esses dois capítulos sobre dar com foco em seu dom indescritível! A melhor motivação para dar é sempre a gratidão pelo dom indescritível de Deus para nós. O dom indescritível de Deus é o que inspira toda a verdadeira doação. O apóstolo conclui todo esse discurso sobre contribuir para o alívio desses pobres membros de Cristo, que é o Autor e Consumador de toda a graça ... que sem a influência de sua graça eles teriam, eles não poderiam fazer nada.

Lembre-se do mal - as provações e o sofrimento podem, na verdade, refinar e aprofundar a gratidão, se permitirmos que eles nos mostrem que não devemos considerar as coisas garantidas. Nos Estados Unidos, um feriado nacional de gratidão, o Dia de Ação de Graças, nasceu e cresceu em tempos difíceis. O primeiro Dia de Ação de Graças aconteceu depois que quase metade dos peregrinos morreu de um inverno e ano violentos. Tornou-se um feriado nacional em 1863 no meio da Guerra Civil e foi transferido para sua data atual na década de 1930 após a Grande Depressão.

Por quê? Bem, quando os tempos são bons, as pessoas dão valor à prosperidade e começam a acreditar que são invulneráveis. Em tempos de incerteza, porém, as pessoas percebem o quão impotentes são para controlar seu próprio destino. Se você começar a ver que tudo que você tem, tudo com o que você tem contado, pode ser tirado, torna-se muito mais difícil dar por certo.

Portanto, a crise pode nos deixar mais agradecidos - a gratidão também nos ajuda a lidar com a crise. Cultivar conscientemente uma grata memória constrói uma espécie de sistema imunológico psicológico que pode nos amortecer quando caímos. Há evidências científicas de que pessoas agradecidas são mais resistentes ao estresse, sejam pequenas dificuldades cotidianas ou grandes transtornos pessoais. O contraste entre sofrimento e redenção serve como base para uma das minhas dicas para praticar a grata memória: lembre-se do mal.

Os elefantes são capazes de usar seus impressionantes cérebros de 4,7 quilos para codificar os detalhes de identificação e sobrevivência, imprimindo os dados-chave em sua memória para serem lembrados mais tarde. Mas a incrível memória de um elefante vem apenas com a idade e a experiência - e os elefantes maiores e mais velhos são frequentemente alvo de caçadores. A tragédia é que quando um desses [elefantes] é perdido para a caça furtiva, a memória e a informação morre com ele, deixando o resto do rebanho em desvantagem - e tendo consequências severas para a espécie como um todo. Em nossa natureza decaída, podemos tentar usar nossa memória menor, mas ainda assim mais nítida, para tentar compreender um mundo inteiro que busca roubar nossas próprias almas. Na redenção, ser parte de um rebanho, ter Cristo como grata memória fará com que nossa busca pela alegria na sobrevivência seja uma realidade nova e transformada, onde agora somos pais, irmãos e filhos em nossa grata memória de criação, queda, redenção e glória.

Funciona assim: Pense nos piores momentos em sua vida, suas tristezas, suas perdas, sua tristeza - e então lembre-se de que aqui está você, capaz de lembrar-se deles, que você fez isso nos piores momentos de sua vida, através do trauma, você passou pelo teste, suportou a tentação, sobreviveu ao mau relacionamento, está saindo do escuro. Lembre-se das coisas ruins, então olhe para ver onde você está agora - e saiba onde você estará!

Esse processo de lembrar quão difícil a vida costumava ser e até onde chegamos, e para onde devemos ir, estabelece um contraste explícito que é um terreno fértil para a gratidão. Nossas mentes pensam em termos contra factuais - comparações mentais que fazemos entre o modo como as coisas são e como as coisas poderiam ter sido diferentes. Contrastar o presente com momentos negativos no passado pode nos fazer sentir mais felizes (ou pelo menos, menos infelizes) e melhorar nossa sensação geral de bem-estar. Isso abre a porta para lidar com gratidão.

Tente este pequeno exercício: Primeiro, pense em um dos eventos mais infelizes que você já experimentou. Com que frequência você se vê pensando neste evento hoje? O contraste com o presente que faz você se sentir grato e satisfeito? Você percebe que sua atual situação de vida não é tão ruim quanto poderia ser? Tente perceber e apreciar o quanto melhor sua vida é agora. A questão não é ignorar ou esquecer o passado, mas desenvolver um quadro de referência frutífero no presente, do qual possamos ver experiências e eventos.

Há outra maneira de promover uma grata memória: enfrente sua própria mortalidade. Em um estudo recente, os pesquisadores pediram a metade dos participantes para imaginar um cenário em que eles, presos em prédio em chamas, superados pela fumaça, morrem. A outra metade, ria e agradecia ao professor por não tê-los matado... Isso resultou em um aumento substancial nos níveis de gratidão, como o professor descobriu quando comparou esse grupo a duas condições de controle que não foram compelidas a imaginar suas próprias mortes.

Nestes modos, recordar o mal pode nos ajudar a apreciar o bem. Como o teólogo alemão e pastor luterano Dietrich Bonhoeffer disse certa vez: “A gratidão muda as dores da memória para uma alegria tranquila”. Sabemos que a gratidão aumenta a felicidade, mas por quê? Uma grata memória maximiza a felicidade de várias maneiras, e uma das razões é que ela nos ajuda a reformular memórias de eventos desagradáveis de uma maneira que diminui seu impacto emocional desagradável. Isso implica que o enfrentamento agradecido envolve a busca de consequências positivas de eventos negativos. Por exemplo, um enfrentamento de gratidão pode envolver ver como um evento estressante moldou quem somos hoje e nos levou a reavaliar o que é realmente importante na vida.

Reformulando o sinistro – A Debby dizia que o Davi olhava para trás em nossa história familiar como alguém que usa lentes de leite condensado... Dizer que uma grata memória é uma estratégia útil para lidar com sentimentos ofensivos não significa que devemos tentar ignorar ou negar sofrimento e dor. Você vê, o que meu irmão faz, é colocar todas as suas memórias em uma estrutura de pensamento que lembra a descrição da Bíblia de uma criação perfeita - uma queda terrível e total - uma redenção factual através da graça e as esperanças certas da futura consumação em Cristo.

A grata memória não é psicologia positiva. Muitas das tendências de hoje em coaching e pseudo-psicologias positivas estão deixando de reconhecer o valor das emoções negativas. As psicologias positivistas tem sido negativas demais sobre a negatividade e positivas demais sobre a positividade. Negar que a vida tenha sua parcela de decepções, frustrações, perdas, mágoas, contratempos e tristeza seria irreal e insustentável. A vida dói. Nenhuma quantidade de exercícios de pensamento positivo mudará essa verdade. Mas quando temos uma grata memória, podemos justamente colocar todos os eventos da vida, bons ou aparentemente ruins, em suas próprias categorias da obra de Deus em nosso mundo e em vidas íntimas.

Então, dizer às pessoas simplesmente que se empenhem, contem suas bênçãos e lembrem-se de quanto elas ainda têm de ser gratas, certamente pode fazer muito mal. Processar uma experiência de vida através do amor e da graça de Deus não significa usar uma lente doce de leite condensado e, definitivamente, não significa negar a negatividade. Não é uma forma de alegreologia superficial. 

Em vez disso, significa perceber o poder que você tem em Cristo, para transformar um obstáculo em uma oportunidade. Significa reenquadrar uma perda em um ganho potencial, reformulando a negatividade em canais positivos de gratidão a Deus - (Só o que me interessa...). E isso só pode ser feito quando recebermos livremente Jesus Cristo como profeta, sacerdote e rei de nossas vidas.

Ih, esqueci! Como funciona uma grata memória mesmo? Em um estudo conduzido em um seminário local, os participantes foram aleatoriamente designados para um dos três grupos de escritores que relembrariam e relatariam uma memória aberta desagradável - uma perda, uma traição, vitimização ou alguma outra experiência pessoalmente perturbadora. O primeiro grupo escreveu por 20 minutos sobre questões irrelevantes para a memória aberta. O segundo escreveu sobre sua experiência referente à sua memória aberta.

O professor pediu ao terceiro grupo que se concentrasse nos aspectos positivos de uma experiência difícil - e descobrir o que poderia fazer com que se sentissem agradecidos. Os resultados mostraram que eles tinham mais fechamento e menos impacto emocional desagradável do que os participantes que acabaram de escrever sobre a experiência, sem serem solicitados a ver como ela poderia ser redimida com uma grata memória. Os participantes nunca foram orientados a não pensar nos aspectos negativos da experiência ou a negar ou ignorar a dor. Além disso, os participantes que descobriram razões para serem gratos demonstraram menos lembranças intrusivas, tais como se perguntar por que isso aconteceu, se poderia ter sido evitado ou se acreditavam que isso havia acontecido por uma razão maior. Pensar com gratidão, mostrou este estudo, pode ajudar a curar memórias perturbadoras e, num certo sentido, a redimi-las - um resultado ecoado em muitos outros estudos de aconselhamento.

Em outra pesquisa, pessoas com doenças físicas debilitantes foram convidadas a compor uma narrativa sobre um momento em que sentiam um profundo sentimento de gratidão por alguém ou por alguma coisa. Eles foram instruídos a recriar essa experiência em suas mentes para que pudessem sentir as emoções como se tivessem se transportado de volta no tempo para o evento em si. Também os fez refletir sobre o que eles sentiam naquela situação e como eles expressavam esses sentimentos. Diante de doenças progressivas, as pessoas geralmente acham a vida extremamente desafiadora, dolorosa e frustrante. Enquanto eu lia a pesquisa, eu me perguntava se seria possível que eles encontrassem alguma coisa para agradecer. Para muitos deles, a vida girava em torno de visitas à clínica e à farmácia (ou à biqueira da esquina). Eu não teria ficado surpreso se o ressentimento obscurecesse a gratidão.

Como se viu, a maioria dos entrevistados teve dificuldade em se estabelecer em um caso específico - eles simplesmente tinham tanto em suas vidas que eram gratos por isso. Fiquei impressionado com a profundidade de sentimento que transmitiram em seus ensaios e com o aparente poder de gratidão que transforma a vida.

Ficou evidente pela leitura desses relatos narrativos que (1) a gratidão pode ser um sentimento profundamente intenso, (2) gratidão por presentes que os outros ignoram mais facilmente pode ser a forma mais poderosa e frequente de gratidão, e (3) gratidão pode ser escolhida apesar da situação ou das circunstâncias. Também fiquei impressionado com a reviravolta redentora que ocorreu em quase metade dessas narrativas: de algo ruim (sofrimento, adversidade, aflição) surgiu algo bom (nova vida ou novas oportunidades) pelo qual a pessoa se sentiu profundamente grata.

Se você estiver perturbado por uma memória aberta ou por uma experiência desagradável do passado, considere tentar reformular a maneira como pensa sobre isso usando a linguagem da grata memória. As experiências desagradáveis em nossas vidas não precisam ser da variedade traumática para que possamos nos beneficiar delas com gratidão. Seja um evento grande ou pequeno, para o aperfeiçoamento da nossa cosmovisão, na mesma tecla que Sire, dando nome ao elefante, aqui estão algumas perguntas adicionais para você se perguntar para, vez ou outra, renomear o elefante:

• Que lições a experiência me ensinou?
• Posso encontrar maneiras de ser grato pelo que aconteceu comigo agora, embora eu não estivesse no momento em que aconteceu?
• Que habilidade a experiência tirou de mim que me surpreendeu?
• Como estou agora mais a pessoa que quero ser por causa disso? Os meus sentimentos negativos sobre a experiência limitaram ou impediram a minha capacidade de ter uma memória agradecida desde que ocorreu?
• A experiência removeu um obstáculo pessoal que antes me impedia de sentir gratidão?
• Como posso categorizar a Criação, Queda, Redenção e Glória, com Cristo, nosso  Profeta, Sacerdote e Rei?
 Como posso pensar em minhas lembranças dolorosas de todo o corpo do qual Cristo é a grata memória?

Lembre-se, seu objetivo não é reviver a experiência, mas sim ter uma nova perspectiva sobre ela. Simplesmente ensaiando um evento perturbador nos faz sentir pior sobre isso. É por isso que a catarse raramente tem sido eficaz. Ventilação emocional sem acompanhar a visão não produz mudança. 

Ha um poema, que transformado em canção fez meu coração buscar uma grata memória mesmo que eu não a tivesse por lembrança. Gióia Júnior escreveu, e eu nos momentos mais escuros da minha vida, eu cantei:


Eu sei que meu Redentor vive

Onde estou? eu não sei - e nem sei onde estive 
e nem onde estarei - mas eu sei que Ele vive! 
E como sei que vive o meu Senhor e Rei,
sei que com Ele estive e com Ele estarei! 
Se há razão que motive a paz, eis sua lei: 
o meu Redentor vive e eu também viverei!

Nenhuma quantidade de artigos sobre memórias ou elefantes ajudará, a menos que você seja capaz de adotar uma perspectiva nova e redentora sobre os acontecimentos da sua vida. Esta é uma vantagem que as pessoas com grata memória têm - e é uma habilidade para nomear o passado, não com a memória de um elefante, mas com a grata memória de quem te amou mais.

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