Cidadao dos Céus: Alguns prós e contras encontrados pela família missionária no Japão
No próximo mês de Julho a família Gomes inteira cinco anos de permanência na Missão Japão. Nas ocasiões em que estivemos no Brasil dentro desse tempo, todo mundo nos pergunta como é o Japão. Diariamente pessoas nos mandam mensagens com a mesma pergunta, e a resposta? Bem, até agora elas tem sido genéricas e mesmo um pouco evasivas. Queremos falar de coisas boas. Queremos dar uma boa impressão a respeito do país onde servimos, e a nosso respeito também. Hoje, creio que podemos avaliar, humilde e abalizadamente a nossa agridoce experiência na terra do sol nascente.
O Japão há muito tempo é um lugar idolatrado por pessoas de fora e com razão. É o país onde os trens circulam pontualmente nos milésimos e centésimos de segundo, até que se atrase (observe, cidades brasileiras - sim, você, São Paulo)! Aqui, as máquinas de venda automática podem ser encontradas convenientemente no meio dos campos de arroz (sério), e a fascinante história e cultura aguardam para serem exploradas. É natural que tal lugar atraia o interesse de pessoas de todo o mundo.
Mas como é realmente a vida cotidiana de um pastor missionário e uma família estrangeira num país como o Japão? É tão perfeito quanto se poderia imaginar, sonhando acordado durante as aulas de cultura japonesa, ramen (lámem) e sushi sem fim, karaokê, origami? Bem, a resposta é sim. E também é não.
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus”. 2Coríntios 1.3,4
A verdade, é que somos estrangeiros em terras distantes, sofremos com as diferenças e, às vezes, as indiferenças de pessoas, perto e longe, as quais não tem percebido a existência de um fardo que necessita ser carregado. A família missionária, muitas vezes, sofre o peso desse fardo em silêncio. Vivemos num dos países de mais alto custo de vida, e até aqui o Senhor nos ajudou, mas temos sentido o peso disso.
O apóstolo Paulo sabia muito bem sobre o que estava escrevendo, como muitas vezes sofria privação, fome, frio e até mesmo saudades de sua amada Jerusalém. Nossa família tem aprendido e crescido firme em Cristo quando meditamos sobre o que ele escreveu: "Ao presente momento temos fome e sede, estamos mal vestidos e fustigados e desabrigados" (2Co 4.11). Quando bate a saudade aprendemos, iguais a ele, o que é estar com saudades de casa. Veja a distância que Paulo foi em suas viagens missionárias no Livro de Atos e como sofreu tão intensamente, também entendendo: “Ai de mim se eu não pregar o evangelho” (1C 9.16b)!
Assim como qualquer outro país, o Japão possui aspectos positivos e negativos. Se na descrição daqui, eu vier a estourar sua bolha de fantasia sobre o que é o Japão (ou a vida missionária aqui), talvez possamos juntar as mãos e os esforços pra chorar um pouquinho e derramar lágrimas em nossas tigelas de yakisoba juntos. Aqui estão os prós e contras de viver no Japão como estrangeiro.
1- Elogios
Prós: Todo mundo vai elogiá-lo em quão bom é o seu japonês!
Contras: Todo mundo vai cumprimentá-lo sobre o quão bom é o seu japonês.
Se você é um viajante no Japão e não conhece muitos japoneses, ser elogiado pelo quão bem você pode dizer “Konnichiwa!” Ou quão suavemente você pode se apresentar, será uma vitória. Afinal, você não sabe muito sobre a língua, por isso é bom ser apreciado pelo seu esforço para aprender o japonês.
No entanto, digamos que você seja como muitos estrangeiros no Japão e tenha estudado a língua por anos, indo muito além das auto-introduções. Ser elogiado por ser capaz de transmitir coisas muito básicas pode parecer ... bem ... um pouco insultante.
O japonês faz questão de elogiar tudo. Uma grande surpresa pra nós, entretanto, foi descobrir que muitas vezes ele usa o elogio para estabelecer uma critica. Esse traço cultural é descrito como “A dupla face” ou “O sorriso Japonês” ou ainda “A falsidade do japonês”.
Uma dificuldade que eu tenho é a de identificar se alguém está ou não sendo honesto comigo. Aprendi, lendo Isaías, que devo depositar a minha confiança, não em agradar o povo daqui, mas em confiar em Deus obedientemente. O texto diz:
“Abri as portas, para que entre nelas a nação justa, que observa a verdade. Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti. Confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma rocha eterna.” Isaías 26.2-4
A palavra hebraica para “conservar” é “camak” e significa “apoiar-se, deitar, descansar” ou “sustentar-se”. Deus é a “rocha eterna” ou novamente, como o hebraico diz (“owlam”), a rocha “perpétua” ou “para sempre”. Deus nunca decepcionará aqueles que depositam a vida e confiança nele.
Eu consigo cantar Tokyo Victory, do grupo Southern All Stars (todas as estrelas do sul do país). Sazan Ōrusutaazu, também conhecida pelas siglas SAZAN ( サ ザ ン ) e SAS, é uma banda de rock japonesa. As músicas podem soar fluentes em um karaokê ou enquanto eu estiver dirigindo. Tirei a media de 95% nas aulas de japonês no curso de PhD! Eu posso dissecar um romance de Haruki Murakami como se eu estivesse decodificando a Pedra de Roseta! Ainda assim, posso ter dificuldade em pedir coisas como um simples cohei desu onegaishimasu, ou o sumimassem, caraguei-bo ou um ton katsu em uma loja local de conveniências. Aí eu travo. Viro mudo e analfabeto, tendo de simplesmente dizer “Gomen, ne. Nihon-go wakarenai!” E volto pro carro com a mercadoria errada...
Mas! Por favor, não ria, meu caro leitor, nem me admire. Elogios sobre minhas habilidades linguísticas, acredito, nunca pretendem ser prejudiciais. Eu levo isso com um sorriso gracioso e os afundo ainda mais com essas habilidades que aperfeiçoei em todas as minhas horas de estudo, como um verdadeiro nihongo-ninja ... samurai ... pessoa. Ai eu chego no carro, e simplesmente choro.
2. Ser notado
Pró: todo mundo vai olhar para você!
Contra: Todo mundo vai olhar para você.
Dentre as muitas lições que aprendi do meu pai: "Boi no pasto dos outros vira vaca". (Quando o dono do pasto identifica que outros animais estão comendo o seu capim, geralmente diz: Fulano, de quem são aquelas vacas ali? – Nunca ninguém quer saber se são macho ou fêmea, leva tudo o mesmo gênero) HOW RUDE! Como o Sr. Jar Jar Binks diria. A outra lição é: "Baleia que vem à tona é a que leva arpoada!” Você está sentindo um padrão aqui? Um padrão em forma de espada de dois gumes, talvez? É bom ser notado, ser visto, mas quando somos percebidos também podemos nos tornar incômodos às pessoas. Sim, estou de fato considerando que as coisas boas sobre o maravilhoso país do Japão podem, de fato, tornar-se exatamente nas coisas negativas.
Essa katana corta dos dois lados! Como estrangeiro, tenho sido surpreendido por longos períodos de tempo e, meu querido amigo, é porque estou sendo notado como um prego que sobressai da madeira. Um exemplo disso: Os bebês japoneses são muito sérios (jogam sudoku, choram em japonês, são tudo faixa preta, batem pra caramba...) e ficam sempre encarando e olhando feio pra minha cabeça raspada e olhos castanhos-claros. Para eles, pareço um fantasma! Eu chamo muita atenção devido à uma barriga bonita, grande e bem arredondada, baixa estatura e barba vermelha de lenhador. Então, com os olhares, parece que estou sendo atingido na cabeça. Há literalmente um provérbio japonês que diz “O prego que se destaca é martelado”.
Adorável, né? Tem outro lado... Sou baixinho e aprendi a conviver com isso. Eu ganhei peso aqui, por causa de tanto gohan e yakiniku (o meu mal- a comida aqui é incrível!). Quando cheguei aqui, costumava raspar a cabeça, mas desde o começo do ano deixo meu cabelo crescer. Sou ruivo, de pele clara, herdei as sardas que correm no lado da família do meu pai (Obrigado, papai) e tenho uma longa barba . Em outras palavras, sou um sinal de neon ambulante no Japão. Ser olhado pode ser divertido no começo, mas ser observado por causa da aparência que foge aos padrões, algo que não está sob meu controle, pode desgastar qualquer um. Rápido.
"Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória dos gentios como um ribeiro que transborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão. Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados. E vós vereis e alegrar-se-á o vosso coração, e os vossos ossos reverdecerão como a erva tenra; então a mão do Senhor será notória aos seus servos, e ele se indignará contra os seus inimigos." Isaías 66.12-14
Que bela descrição do amor de Deus. E quem entende melhor sobre consolar uma criança do que a própria mãe? Uma vez, um japinha (desculpa!) começou a chorar depois que eu fiz uma careta pra ele. A mãe dele correu pra socorrer. Disse umas injurias que, graças a Deus eu não entendi. Mas admirei e fiquei tocado pela defesa da mãe para um filhotinho com medo do Gaijin (estrangeiro).
Que ternura com que Isaías escreve, e os judeus que leram isso ainda podiam estar no cativeiro da época. Eles ainda tinham uma esperança de que Deus preservaria um remanescente para si mesmo e os devolveriam à sua amada Jerusalém; portanto, Isaías deve ter escrito isso para consolá-los em sua saudade de casa. Que ele faça o mesmo por você se estiver longe de casa agora.
Eu acho que, como estrangeiro, isso é algo que eu teria de esperar. Talvez não tanto nas grandes cidades, onde os estrangeiros são uma vista comum, mas definitivamente se estiver na área inaka (área rural, uma faixa aberta de terra que tem poucas casas ou outros edifícios, e não muitas pessoas) de Tahara, pode bem ser o primeiro estrangeiro que alguns moradores locais já viram. Sorte minha! Então eu apenas encolho de ombros, dou um sorriso, aceno, (aí eu choro) e sei que sou feio mesmo.
3. Banheiros incríveis ... e uma motoquinha no chão
Pró: Japão tem a mais avançada tecnologia de toalete do mundo
Contra: banheiros públicos
Minha vida é dividida em duas metades distintas: antes de usar um banheiro aquecido e depois. Você pode pensar que não se importa se seu assento for aquecido ou não, mas isso só me diz que você ainda não teve o prazer de sentar-se em um deles.
Embora existam muitos aparelhos de toalete para explorar aqui, basta dizer que se você gosta de um bumbum limpo, lavado e música tocando enquanto conduz os seus negócios, vai se apaixonar por banheiros japoneses. Eles vão desde a dar-lhe apoio e incentivos morais para fazer o que você tem de fazer, com aplausos, e tudo mais, até limpá-lo com um jato de spray de água quente, morna ou fria, forte, fraco ou lava-jato, (tipo velocidades de nível créu-- que podem ser modificados para sua diversão) e um jato agradável de ar quente para secá-lo. Eles estão esperando por você!
Banheiros "motoquinhas" japoneses
Agora, se você é novo no Japão, pode se surpreender ao descobrir os banheiros públicos não fornecem toalhas de papel para secar suas mãos. Sim, é verdade, a ilha que tem banheiros que parecem ser do futuro, às vezes, não fornece uma maneira de você secar as mãos. Mas pelo menos você terá um traseiro quente! Dica: sempre tenha uma pequena toalha na mão com você. Eles os vendem em todos os lugares em loja de 100 ienes (o equivalente a uma loja de um e noventa e nove).
Os banheiros públicos têm o banheiro tradicional em estilo japonês, que é uma longa tigela de porcelana no chão onde você pode se agachar. Parece uma motoquinha, pois tem um lugar pra você se dependurar. Eu espero que você tenha coxas fortes! Dizem que todos esses banheiros, mesmo em parques pequenos, possuem papel higiênico (eu dei azar em um deles!). Dica: pegue um pacote de lenços que você pode ver distribuído em quase todos os lugares. As empresas promovem seus serviços nas embalagens. Sorrateiro! Mas tão inteligente. E agora você tem papel higiênico.
E o que que os diferentes banheiros e latrinas tem a ver com a vida missionária? Não muito, mas foi numa situação de aperto onde eu me lembrei de que nada, nada nessa vida foge à vontade de Deus. Um outro Daniel (lá de entre os índios—esse tipo de caso eu nunca conto de experiência própria) uma vez ficou sem papel no banheiro, por horas, sem que um amigo viesse lhe socorrer. Nessas aventuras (sufoco), descobrimos a companhia de Deus, e se em coisas tão básicas podemos experimentar conforto ou desconforto, lembremos do que um certo alguém escreveu:
Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei. E assim com confiança ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei O que me possa fazer o homem. Hebreus 13.5,6
Assim, podemos dizer com confiança: “O Senhor é meu ajudador; não temerei; o que o homem pode fazer comigo?” O autor de Hebreus está dizendo que existe uma conexão entre o amor ao dinheiro e o contentamento? Creio que sim, mas também podemos ver como ele enfatiza a fidelidade de Deus, que é um Deus que nunca, jamais os deixará ou não o abandonará, mesmo que o abandonemos (pelo menos por um tempo). Isso dá esperança aos sem-teto, aos pródigos, aos pobres e àqueles que estão longe de casa. Aqueles que precisam usar banheiro esquisito. Você pode ir a qualquer lugar do planeta e Deus ainda não vai deixar você ou abandoná-lo. Não importa onde você esteja; só importa que "o Senhor seja seu ajudador".
4. Ganbatte! Vai! Vai! Vai!!!
Pró: O espírito do Gambatte
Vai! Lute! Força! (isso também é falado no banheiro) Não desista! - Se você já assistiu algum anime ou filme japonês, há 99% de chance de você ouvir pessoas aplaudindo os outros com um saudável “Gambatte, ne!” Ou possivelmente “Gambare!” Isso se traduz em “Boa sorte! " Ou "Continue!" Honestamente, acho que é muito legal. Evoca a sensação de ser apoiado e transmite um espírito de luta determinado e muito japonês.
O Japão é um país cheio de imagens animadas e alegres em todos os lugares que você procura. Nos trens, sinais coloridos lembram-nos gentilmente de estarmos atento aos outros e de não falar alto ao telefone. As cidades têm mascotes reais, os quais você pode visitar e tirar fotos. Figuras públicas felizes, adoráveis e alegres que existem principalmente para reunir e trazer alegria a todos!
Tantas coisas no Japão, e as pessoas daqui, podem parecer tão alegres e encorajadores; a sensação de que você está sendo aplaudido e estimulado é intoxicante. É um nível de fofura e otimismo inigualável. Quem não gostaria disso?
Mas você sabe como às vezes a coisa que você ama sobre uma pessoa no início de um relacionamento acaba sendo a coisa que te deixa louco ao longo da estrada? Bem…
Contra: Os incentivadores Gambatte - Sua saúde está em risco ao puxar extenuas horas extras na firma japonesa? Gambatte! Você está cansado de ver homens no trem ler abertamente mangás incrivelmente pervertidos, apalpar as moças com seus olhos como se fossem tentáculos, enquanto ninguém parece se importar? Bem, aqui é assim, e não há muito o que fazer, gambatte, ne!
Você desceu 30 minutos antes da sua estação de trem mais próxima para aula de inglês e tem de arriscar sua vida numa bicicleta alugada, numa rua perigosa cheia de caminhões sempre que precisar ir a algum lugar (o que não é exatamente o que eu faço, eu estou apenas pensando em exemplos aleatórios aqui). Ou tem tanto sono que dorme na direção do carro? Gambatte! Tem de perder peso? Gambatte! Tem de arrumar o quintal? Gambatte! Bateu o carro? Gambatte! Parece com o good for you do inglês! Que parece com o "azar o seu" ou "que se dane" do brasileiro.
Gambare! - Com uma atitude alegre sobre tantas coisas, essa mesma perspectiva pode infelizmente se infiltrar em coisas que você sente não ser permitido. A atitude positiva de você pode fazer, pode ser muito frustrante em situações em que você queira uma postura mais proativa ou uma mudança a ser feita. Esta pode ser a coisa com a qual eu mais lutei como estrangeiro morando no Japão.
E, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. Mateus 8.19,20
5. Você sempre será um "Estrangeiro" Apreciado
Pró: Você será muito apreciado como um estrangeiro-- Sempre que eu dizia a alguém no Japão por que tinha começado a aprender japonês (eu vim aqui para ministrar a uma comunidade brasileira, mas queria também alcançar alguns japoneses), me deparava com rostos impressionados. Depois comecei um programa de doutorado em pregação, sendo que esse curso é na maior parte ministrado em Japonês, e as pessoas pareciam surpresas. Por que cargas d'agua um estrangeiro iria querer falar Japonês? Ué pra falar!
Quão genuinamente impressionados eles estavam comigo por ser um pastor e um professor de inglês que queria aprender Japonês eu nunca vou saber por certo. Mas eu gosto de pensar que havia uma parte deles que estava sinceramente surpresa que um missionário mais velho do Brasil iria tão longe para aprender uma língua tão diferente da sua.
Qualquer pessoa japonesa com quem eu falei sobre as razões pelas quais eu gostava de seu país só retornava minhas divagações com um aceno de aprovação e entusiasmo. É tão bom que você conheça todos esses kanjis! Uau, ou sugoy ne!, você deve ter praticado muito para aprender a usar os pauzinhos (ai!)! Uau, os estrangeiros ficam tão bem de quimono e yucatá, eu não achava que eles ficariam (ai de novo)! Então sim, você será recebido com muito apreço como alguém que veio a amar um país tão abertamente e com tanto fervor. No entanto ... (e eu acho que você pode adivinhar onde isso vai ...)
Contra: Você sempre será visto como um estrangeiro-- Sempre um Gaijin - Agora, olhe, antes que você se desespere e jogue suas mãos para o alto para lavar as mãos de um país que não seja 100% aberto aos gaijin (forasteiros) e jogue palavras como “racista” por aí, veja onde eu quero chegar!
Especialmente com as gerações mais jovens, acredito que a mentalidade de “nós contra eles” está diminuindo. Casais inter-raciais e filhos de etnias misturadas aumentaram nas últimas décadas no Japão. Isso, naturalmente, é um primeiro passo para se tornar um país mais diversificado e de mente aberta.
No entanto, como eu mencionei antes, o Japão é um país de contraste: é ao mesmo tempo uma nação com algumas das tecnologias mais avançadas do mundo e ainda assim não consegue pegar o jeito do aquecimento central (uma história para outra hora).
É um país que foi isolado, com suas fronteiras fechadas para o mundo exterior (a maior parte do tempo) por centenas de anos, até o final do século XIX. Só conheceu seus próprios caminhos, suas próprias ideias e modos de pensar por tanto tempo, é natural que levasse algum tempo para que algumas formas de pensamento se dissolvessem (isto é, ideias de como os estrangeiros poderiam ser).
Nos EUA, tenho o lado da minha mãe da família. A coisa toda: meus pais vieram no Mayflower, lutaram nas guerras, até Buffalo Bill faz sua aparição na minha árvore. Do lado do papai, sou brasileiro de brasileiros. Só não sei sambar! Família mais tradicional que rótulo de Maizena (como diria um analista amigo meu). João Ramalho e Índia Bartira são uns dos meus ancestrais. Menciono isto para dizer que nunca, nunca tive a experiência de haver preconceito por causa da minha etnia. Sou americano para os americanos, brasileiro para os brasileiros. Mas aqui no Japão, fui convidado a deixar um restaurante japonês, onde o garçom me mostrou um cartaz que dizia: “Nós não servimos gaijin forengn! Yankee vai! (we do don’t service Gajin Foreners, Yankee go away)
Mas, em todos os casos em que me senti julgado de certa forma apenas por ser estrangeiro, houve pelo menos o dobro de vezes em que eu fui tratado com respeito e gentileza, independentemente de ser gaijin. Na melhor das hipóteses: “gai coco djin”!
"E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, Que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna". Marcos 10.29,30
Aqui está uma grande imagem do futuro lar dos filhos de Deus. Eles podem perder muito neste mundo, mas tudo aqui está passando de qualquer maneira. Então, por que tentar segurar aquilo que está passando quando você pode se apegar àquilo que é eterno? Especialmente considerando que ganhamos cem vezes em irmãos, irmãs, pais e mães, e em terras. O presente mais significativo, contudo, é a vida eterna através de Jesus Cristo (Jo 3.16; Romanos 6.23), livremente dada pela graça de Deus (Efésios 2.8-9).
Como Paulo foi capaz de suportar tanto em sua vida? Ele escreveu:
“Eu sei como ser humilhado, e sei abundar. Em toda e qualquer circunstância, aprendi o segredo de enfrentar a abundância e a fome, a abundância e a necessidade ”(Filipenses 4.12).
Se a experiência é o melhor professor, a repetição é a chave para a memorização. Paulo teve de aprender na sala de aula sobre como se contentar com as circunstâncias. Quantas lições foram necessárias para que Paulo aprendesse a se contentar? Ninguém além de Deus sabe. O ponto importante é que o contentamento não vem naturalmente; tem de ser aprendido e aprender leva tempo.
Conclusão
Aqueles que estão servindo na grande comissão, no fronte, são muito propensos a ter saudades de casa. Estão separados da família e dos amigos e estão perdendo as férias, aniversários e aniversários, mas também eventos importantes da vida como o nascimento de um filho, casamentos de entes queridos, e as mortes de familiares e amigos, e perdem os seus funerais. Isto pode ser muito difícil, mas há confiança na Palavra de Deus para todos nós, porque sabemos que esta não é a nossa casa (felizmente!). Somos "estrangeiros e exilados na terra" (Hebreus 11.13). “Deseje um país melhor, isto é, um país celestial. Portanto, Deus não se envergonha de ser chamado seu Deus, pois ele preparou para eles uma cidade” (Hebreus 11.16).
"Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade." Hebreus 11.13-16
Não se esqueça que tudo aquilo que investimos em Cristo e em seu reino, primeiro, não se compara em nada do que ele mesmo investiu em nossas vidas. Segundo, que o sofrimento que podemos experimentar aqui, também não se compara em nada com a glória que receberemos na glória de Cristo. Unidos com cristo na morte, somos também unidos na ressurreição. Temos uma cidade para construir. Aqui, agora, também em todo canto da Terra, mas a nossa cidadania é celestial.
Vale a pena viver no Japão? Este é um país de contradições. É um país como qualquer outro, todos os tipos de pessoas vivem aqui, e há altos e baixos para experimentar na vida diária de um estrangeiro. É uma terra entrincheirada em beleza e história, um lugar de tecnologia moderna e formas cada vez mais visionárias. Você pode se deparar com coisas frustrantes enquanto viver aqui, que fazem a gente querer arrancar os cabelos (raspar) Sim. Vale a pena investir seu precioso tempo, energia e coração? Claro, é o chamado de Deus para expansão do seu Reino.
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