De idas e vindas




          A cidade de São Paulo não era tão grande como hoje. Minhas lembranças de lá são apenas das idas e vindas à igreja em Santana, viagens com a família um corte, um animalzinho, algumas pessoas e coisas que eu pensava que fossem suficientes pra viver a vida. Aprendi de cor três palavrinhas... Deus é amor (1João 4.8).

          A mudança de endereço ao chegarmos a Jaú significou pouco pra mim, mas foi lá que comecei a me formar como gente! Papai havia sido criança na cidade da terra roxa e do o pé vermelho. Foi lá que conheci meus primeiros próprios amigos. Como herança da infância do pai, formava laços eternos com os filhos dos amigos dele. Luiz Roberto, Misael, Saulo, Betinho, Humberto e muitos outros. Bicicleta, patins, pega - pega, pique - esconde, pique - bandeira, empurra - carro (ou arrastado e ralado). Além de brincadeiras com os amigos, foi lá também que comecei as traquinagens: Fogo na garagem, trote telefônico no S. Jarbas e D. Débora, aventuras e planos infalíveis que hoje me fazem lembrar como a vida é bela. As idas e vindas ao dentista (Dr. Samyr), ao médico (Dr. Abdala), à igreja e à escola me ocupavam o tempo e garantiam também a minha saúde e crescimento. Aquece-me o coração quando me lembro das inúmeras visitas à casa do S. Leon e D. Iracema, da D. Vanda e do S. Carboni, S. Zé Rueda e D. Eupídia (ai que delícia!) . Lá eu ouvia histórias e ganhava presentes e me lambuzava com guloseimas e doces... Lá na igreja, eu contei a história de como Cristo nasceu na forma de canção. (1João 4.9-11)

          Virei caipira quando mudamos pra fazenda em Bocaina. É bem perto de Jaú, e na mudança pra lá, mantive todos os amigos e benefícios da cidade. Aprendi a gostar do campo, dos bichos, da musica caipira (que aprecio até hoje), das enxadas e dos facões. De carro, micro ônibus, cavalos e carroças, aprendi nas idas e vindas diversos princípios certos e equivocados. Mas na memória, foi lá que comecei a falar com Deus. (1João 4.13-15)

          Virei contador de histórias quando fomos pra Brasília. Contava aos novos amigos as minhas vantagens. Contei sobre a vida no mato e sobre o que eu sabia. Foi lá que eu corri de bicicleta, aprendi a lutar, e comecei a escrever. Lá ganhei peso e força. Ganhei também muitos amigos, cicatrizes e sorrisos. Lá, eu provei do amor de Deus diversas vezes. (1João 4.16-17)

          Virei estrangeiro ao chegarmos à América. Brasileiro e meio americano foi lá que comecei a experimentar estratégias diferentes pra me adaptar às pessoas e seus costumes. Continuei a contar histórias e entre flores e espinhos, colhi daquilo que semeei. De uma cidade pra outra, vi a minha barba e cabelo crescer, alem das espinhas, é claro. Aprendi a dirigir carros e motos. Nas idas e vindas eu me entendia e desentendia com Deus. Lá também tive amigos. (1João 4.18-19)

          Virei homem no retorno ao Brasil. Já adulto mas sem muito crescimento, trabalhei e estudei. Nas idas e vindas, aprendi a andar por caminhos retos e caminhos tortos. Também aprendi a correr. Toda vez que tropecei e caí aprendi a me levantar. Comecei a ouvir as histórias mais do que contar e nas conversas com Deus, aprendi a olhar para a vida não apenas como ela é, mas como deve ser. Alimentei as amizades velhas e novas, e fui convencido de que as mudanças de endereço e de caminho nos fazem bem. As curvas, os desvios, os cruzamentos e as conversões exigidas quando se caminha com o Senhor nos fortalecem o caráter.(1João 4.20)

          Virei marido, irmão, filho, e pai. Enquanto pastor, delegado ou professor, encontrei-me com gente boa e gente má. Alem de criar juízo, criei cobras, cavalos, cães e gatos. Ajudei muitos e fui ajudado também. Aprendi a chorar e a rir pelos motivos certos. Entendi que os amigos feitos em Cristo são irmãos. Nas idas e vindas, aprendi a apreciar a paisagem. Aprendi que esperar em Deus e buscar refugio e abrigo em suas mãos vale mais que qualquer coisa nessa vida. As dores e alegrias na memória e também as de hoje, me fazem crescer e amar para que a gloria do Senhor seja vista em mim. (1João 4.21)
Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito. E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele, em Deus. E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão. 1João 4.7-21



Daniel



Comentários

Postagens mais visitadas