Gratidão na Prosperidade e Paciente em Adversidade



Catecismo de Heidelberg. Pergunta 28. Para que serve saber da criação e da providência de Deus?
Resposta: Para que tenhamos paciência(1) em toda adversidade e mostremos gratidão (2) em toda prosperidade e para que, quanto ao futuro, tenhamos a firme confiança em nosso fiel Deus e Pai, de que criatura alguma nos pode separar do amor dEle (3). Porque todas as criaturas estão na mão de Deus, de tal maneira que sem a vontade dEle não podem agir nem se mover (4).
(1) Jó 1:21,22; Sl 39:9; Rm 5:3,4; Tg 1:3. (2) Dt 8:10; 1Ts 5:18. (3) Sl 55:22; Rm 5: 4,5; Rm 8:38,39. (4) Jó 1:12; Jó 2:6; Pv 21:1; At 17:25-28.

Ontem tive um dos dias mais felizes da minha vida. Vivendo na Terra do Sol Nascente, no campo missionário mais longínquo de casa, os dias aparentam durar mais que o normal. Deixe me explicar: Vivendo longe, 12 horas de fuso horário à frente  do ocidente, meu dia se inicia antes do dia dos meus amigos. E parece que se finda, 12 horas depois do final do dia dos meus amigos que estão por perto.  

Chegou o meu aniversario, e quase desapercebido, já estava mais velho. As comemorações já tinham começado no Domingo. Junto com a igreja, tínhamos muitos motivos de comemorações. Junto da família, eram tantos os detalhes, itinerários e preparativos, que no meio das arrumações e faxinas, cresciam os sentimentos de solidão, saudades, introspecção, e finalmente (graças a Deus) gratidão. Aquilo que realmente vale a pena. A recompensa pelo trabalho fica, muitas vezes escondida nesse tumulto todo.  Lembrei-me desta frase do Catecismo de Heidelberg - "para que possamos ser pacientes na adversidade [e] agradecidos pela prosperidade" .

 É bastante fácil ser grato na prosperidade, mas o que podemos dizer de sobre gratidão no meio dos tempos mais difíceis? É aí que a paciência entra - paciência significa perdurar as adversidades e aprender com elas. É um desafio para nós, enquanto pecaminosos, sermos gratos nos melhores dos dias, e muito mais desafiador é sermos gratos  em momentos de aflição. No entanto, se a paciência é fruto da aflição, Deus também concede a graça de refletir sobre as coisas que aprendemos e devemos agradecer até mesmo no meio das tribulações. Aqui estão algumas coisas que eu aprendi a agradecer a Deus:

Por um Pai Celestial que sabe exatamente o que eu preciso e a quantidade de aflição que posso suportar. Ao enviar a aflição, ele confirma que eu sou Seu filho e que Ele está me reformulando na imagem de Cristo (Hebreus 12. 1-11). Ele está mais preocupado com nosso relacionamento com Ele e nossa santidade, do que com nossa utilidade para Ele.

Por um glorioso Salvador que sofreu muito mais dor do que eu na minha tristeza ou insatisfação. Ele sofreu essa dor indizível e uma agonia insuperável para tirar meu pecado (Isaías 53). O fato de que Ele sofreu essa dor torna em comparação, a nossa dor pequena e encoraja-nos a perseverar na corrida cristã  (Hebreus 12. 1-2).

Por um Espírito Santo, que é compassivo e paciente e que deseja me ver trilhando pelos caminhos da santidade (Tiago 4. 5), e que me conduz mais profundamente à experiência da minha miséria à luz das riquezas de Cristo e dos mistérios do evangelho.

Por uma esposa amorosa e terna que me encoraja a olhar além dela para Cristo e me abençoa sem as vezes nem saber o quanto, sem queixa e ao mesmo tempo que cuida de mim, das minha coisas, cuida também do nosso lar e dos nossos dois filhos.

Por meus filhos que são um raio de luz no meio da dor e me dão razões para trabalhar além da dor e ensinar-lhes as riquezas insondáveis de Cristo.

Por meus pais, irmãos de sangue e seus cônjuges (mais velhos e certamente muito mais bonitos do que eu), que estão prontos para ajudar de qualquer maneira possível, mesmo na distancia de tantos fusos, se fazem presente na minha vida, sendo eles mesmo o presente maior de Deus pra mim.

Por sua lei nas Escrituras onde deposito toda a minha memória, que foram trazidas à mente quando eu estava com tanta dor. Aprendi que alguém poderia estar com tanta dor que a leitura e a meditação podem ser muito difíceis.

Pela dor, e o sentimento,  que me lembra que haverá um dia de ressurreição glorioso que me espera. Que será livre de dor. A cura pode ser longa em vir ou pode não vir em tudo nesta vida, mas ela virá em glória.

Por uma família na fé,  o rebanho que me foi confiado. Uma congregação compassiva, que ora por mim, que envolve as dores  e as aflições, para que as nossas afeições sejam construídas no ardor dessa luta, que poderia nos sucumbir, e ao invés, que nos fortalece no poder do Senhor. Este é um sabor da vida no corpo de Cristo de acordo com a Palavra.

Por pastores e amigos fiéis que sentem junto a nós as dores desse mundo tenebroso. Homens que  oram e ministram as misericórdias de Cristo também na minha vida. Sou pastoreado por meus pares e pais, no meio das aflições; Certamente dá sao como anjos que cuidam de quem cuida.

Pela a lição de que nossos corpos são "com temor e maravilhosamente feitos" (Salmo 139: 14).

Por uma gama de meios que o Senhor providenciou para cura da nossa alma. Ele não se importa apenas com a nossa alma, mas também com os nossos corpos.
Por tantas oportunidades de ministério que surgiram em meio à aflição. Quando eu não sei o que fazer, o Senhor em sua sabedoria fornece maneiras "não convencionais" de ministrar. Quando passamos por dores, podemos entender os outros em sua dor. Isso também dá um novo significado e aplicação à verdade de que Jesus é nosso Sumo Sacerdote, que sente com os sentimentos de nossas enfermidades (Hebreus 4.15)! Só podemos nos identificar um com o outro, mas Jesus faz isso perfeitamente.

Pelo "sofrimento leve" que opera em nós o peso eterno da glória e a presença ininterrupta de Cristo que espera os crentes no céu (2 Coríntios 4.17). Digno é o Cordeiro!

Por aprender que tomamos tantas coisas por certo, mesmo deitado ou sentados confortavelmente e levando-se com facilidade.

Por mais um ano de vida, onde o curso da colheita do nosso Senhor, se mostra cada vez mais leve e suave (Mateus 11.28-30).

Por incontáveis testemunhos da graça de Deus que foram vistos e aprendidos através e apesar de mim. Pelos doces de comer e os doces de contar as bênçãos. Pelos cordeirinhos do meu pastoreio,  que me lembram o sorriso que um dia eu também tive, e me asseguram que sempre terei.

Por tantas visitas que vem pra nos abençoar, pode ser ate que tive anjos em minha casa, sem sequer que eu soubesse. São marcos que ao ir e vir, deixam marcas doces e lembranças de homens colocados em nossa vida para nos auxiliar e exortar na palavra e no conhecimento de Deus. 

Pela grata memória, e por meus lábios, que nunca deixarão de bem-dizer ao Senhor.

Estas são apenas algumas coisas pelas quais eu aprendi a agradecer. Estou certo de que haverá mais à medida que o tempo avança.

Quais são os seus motivos de gratidão?

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